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A auriculoterapia como técnica auxiliar no tratamento da dor neuropática dos pacientes portadores de hanseníase

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Artigo baseado no TCC da aluna: Tânia Aparecida Erbeta

hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa e tem como agente etiológico o Mycobacterium leprae (M.leprae).  A sua variabilidade clínica é determinada pela resposta imunológica do hospedeiro e o surgimento de incapacidades físicas sendo esse um dos aspectos mais importantes  da doença (MANUAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA-CVE-1997).

 A doença atinge pele e nervos periféricos, podendo ocasionar sérias incapacidades físicas. Sua contaminação se dá pelas vias respiratórias superiores de pacientes não tratados; assim também, como sendo o trato respiratório a via mais provável de entrada do M. leprae no corpo.

O período de incubação pode variar de 2 a 7 anos, porém, há referências de períodos mais curtos de 7 meses e mais longos de 10 anos; sendo assim, ela é menos frequente em menores de 15 anos. Contudo, em áreas mais endêmicas, a exposição precoce nos focos domiciliares aumenta a incidência de casos nesta faixa etária.

O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais, biópsias, aplicação de testes de sensibilidade, testes de força motora, palpação dos nervos de membros superiores, inferiores e exames dos olhos. 

As primeiras manifestações são manchas dormentes, de cor avermelhadas ou esbranquiçadas em qualquer região do corpo. Pode haver também, queixa de dores articulares, edemas pelo corpo, fraqueza muscular e, nos casos mais avançados, perda de sensibilidade e diminuição da força muscular

CONCEITOS DE HANSENÍASE NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

De acordo com as características apresentadas pela hanseníase que são comprometimento de nervos periféricos, pele extremamente seca, ressecamento da mucosa nasal, manchas na pele, queda de pelos e anexos, olhos avermelhados, pode-se dizer que todos esses sintomas estão se apresentando no exterior do corpo do paciente.

O Zang mais exterior, responsável por cuidar da energia de defesa é o Pulmão, e também controla a umidade, a queda de pelos e abertura e fechamento dos poros.

Além do Qi, o Pulmão também dispersa os Fluidos Corpóreos para a pele e para o espaço entre a pele e os músculos (espaço Cou Li), na forma de uma névoa fina… A névoa fina dos Fluidos Corpóreos umedece a pele, regulariza a abertura e o fechamento dos poros e a sudorese (MACIOCIA, 2014, p.108).

Para a manifestação desses sintomas no decorrer dos anos, houve a invasão e Xie Qi, um agente externo, no caso o bacilo, que não foi bloqueado pelo Wei Qi (defesa) por estar deficiente naquele momento. Wei Qi deficiente torna-se um canal livre para a entrada de Xie Qi no organismo.

Na Medicina Tradicional Chinesa a hanseníase é caracterizada como Síndrome de exterior e interior pelos sintomas apresentados acima. Sem contar que, o organismo da pessoa debilitado favorece a entrada do bacilo, ou seja, sua imunidade (Wei Qi) estava baixa.

O elemento comprometido na Mandala dos Cinco Elementos é o Metal, e com isso, o Pulmão é um dos pontos principais para ser usado no tratamento da hanseníase.

OBJETIVO:

Avaliar os efeitos da auriculoterapia chinesa na dor neuropática de pacientes portadores de hanseníase, onde mesmo tratando com medicamentos específicos e com a fisioterapia não houve melhora dos sintomas.

METODOLOGIA

Realizou o tratamento um total de quinze pacientes no período de outubro de 2016 a março de 2017. Nesse grupo, as queixas eram semelhantes como: algias de MMSS e MMII com presença de parestesia, sintomas estes, resistentes ao tratamento convencional da fisioterapia e do tratamento farmacológico. Associou-se, também, queixa de depressão, distúrbio do sono, gastrite e dificuldades para realizar atividades da vida diária.

A aplicação da técnica foi utilizada com a finalidade de diminuir a dor dos pacientes que sofrem com a neuropatia da hanseníase. Optou-se, também, pela escolha da auriculoterapia porque a maioria dos pacientes é medicada com corticoide, sendo que este medicamento anula o efeito da acupuntura sistêmica.

A avaliação da dor neuropática foi feita através da escala visual analógica de dor. Os pacientes indicaram a intensidade da dor em leve, moderada ou intensa de acordo com a numeração da tabela.

A escolha dos pontos em cada sessão foi realizada de acordo com o sintoma apresentado no momento do tratamento, escolhidos entre os pontos acima num total de onze.

Os pontos utilizados foram: Shen men, Rim, Simpático, Pulmão, Fígado, Baço/Pâncreas, Vesícula Biliar, Coração, Ansiedade, Mão, Punho, Pé e Tornozelo.

Ponto do Fígado: relacionados a Tendinites Zumbidos de ouvido.

Ponto do Baço/Pâncreas: fraqueza de membros sem força e por regular e armazenar o sangue.

Ponto do Pulmão: pela apresentação dos fatores externos como manchas de pele, tristeza e pelo formigamento ao longo do meridiano.

RESULTADOS:

Os resultados finais foram muito satisfatórios, já na primeira sessão de auriculoterapia chinesa perceberam-se resultados analgésicos com melhora variando de 30 a 50% da dor neuropática.

Essa porcentagem de melhora de dor estabilizou-se entre a quarta e a quinta sessão, onde os pacientes começaram a fazer o tratamento quinzenalmente. A maioria diminuiu a quantidade de medicamentos para dor e voltaram a realizar atividades que já estavam restritas no seu dia a dia pelo comprometimento da dor.

CONCLUSÃO:

Com isso, demonstrou-se que a técnica de auriculoterapia chinesa, usada na Medicina Tradicional Chinesa, é uma excelente aliada no alivio dos sintomas de pacientes com hanseníase. E também, pela sua eficácia, pode ser utilizada concomitantemente com o tratamento convencional de fisioterapia e do tratamento medicamentoso.

Constatou-se neste trabalho que a Auriculoterapia Chinesa é um método auxiliar no controle da dor neuropática hanseniana, sendo considerado um método de grande aceitação pelos pacientes, pode ser  efeitos colaterais.

 Além do efeito analgésico, verificou-se também a melhora de outros sintomas associados como ansiedade, insônia, depressão  e edemas. A melhora da autoestima e de atividades da vida diária foram relatos bem enfatizados pelos pacientes.

Profa. Ma. Luciana Mendes Vinagre

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