Na medicina chinesa a cronicidade da sinusite deve-se à falta de mudanças nos hábitos alimentares e à exposição a fatores climáticos.
Por Isaac Guimarães Jr
A sinusite caracteriza-se por um quadro inflamatório dos seios paranasais. Os seios paranasais são cavidades mucosas alinhadas no crânio que se comunicam com as fossas nasais. Como se tratam de mucosas, existe a possibilidade de alterações na viscosidade das secreções causando acúmulos, dificuldade para respirar, febre, dor de cabeça e desconforto nos olhos. A dor é predominante nos seios frontal e maxilar.
A medicina chinesa classifica os fatores causais da sinusite em internos externos. Os fatores internos correspondem a desregramentos alimentares, desequilíbrios energéticos orgânico-viscerais, acúmulo de umidade e fleuma no organismo. Os fatores externos são de origem climática e seriam os causadores de quadros agudos.
Na prática a situação mais comum é a associação de fatores internos e externos, ou seja, um desequilíbrio interno normalmente associado a algum fator latente como calor, umidade, fleuma, combinado com fatores de origem externa.
Invasões repetidas de fatores externos, como vento associado ao calor ou frio, prejudicam a difusão do Qi (sopro, energia) dos pulmões nas vias nasais, provocando a estagnação e alteração na viscosidade dos fluidos, gerando mucosidade e calor que irá manifestar-se através de secreção amarelada e purulenta.
Pela perspectiva alopática, as infecções provenientes de resfriados comuns ou gripes causam infecções secundárias nos seios paranasais. Por uma questão anatômica, essas infecções tendem a tornarem-se crônicas. A medicina chinesa considera que a cronicidade deve-se à falta de mudanças significativas nos hábitos alimentares e à exposição a fatores climáticos sem a devida proteção.
A justaposição de fatores de mesma natureza desencadeia e potencializa a sinusite. Dessa forma, uma pessoa que abriga condições latentes de umidade e calor irá piorar em dias quentes e úmidos. Aqueles que possuírem condições latentes de calor e deficiência de fluídos orgânicos, irão piorar em dias quentes e secos. Pessoas com umidade e deficiência de calor corporal irão piorar em dias frios e úmidos. Como dizia Claude Bernard: “O patógeno não é nada, o terreno é tudo!”.
A medicina chinesa considera que a umidade interna é gerada pelo consumo abusivo de doces, leite e derivados, frituras e alimentos pastosos. Assim, a primeira estratégia para a cura é remover os fatores alimentares que são o alicerce dessa condição e incluir alimentos e fitoterápicos que auxiliem a reorganizar a funcionalidade orgânica.
A sabedoria da medicina chinesa reside na regulação dos fatores que servem de alicerce para as enfermidades. Eliminando os fatores causais internos e protegendo adequadamente o exterior, geramos homeostase.
A acupuntura é uma excelente aliada para mover as estagnações, eliminar fatores patógenos exteriores e melhorar as funções respiratórias desobstruindo as vias respiratórias. A fitoterapia é uma abordagem eficaz para tratar as condições internas.
Para pessoas com quadro de sinusite aguda, com febre, cefaleia, irritações oculares acompanhado de expectoração amarelada são indicadas decocções de ervas que eliminam o calor como flores de crisântemo, folhas de amoreira branca, raiz de mata-pasto, hortelã pimenta e cavalinha.
Nessas condições, pode-se tomar pela manhã um copo de suco de laranja com cenoura e gengibre fresco, uma bebida de natureza refrescante e que produz uma melhora no funcionamento do baço, fígado e rins.
Em quadros de sinusite crônica com sinais de frio como secreção esbranquiçada, frio nas extremidades, necessidade de urinar com frequência, apatia, cansaço, são indicadas decocções de sementes de mostarda branca, gengibre seco, alcaçuz e erva doce.
A antiga dieta do arroz pode ser utilizada em ambos os casos para eliminar umidade do organismo. Pode-se utilizar arroz integral ou arroz moti (grão curto de formato arredondado).
Nessa dieta consome-se apenas arroz preparado com pouco sal e temperos naturais como salsa, alho poró, etc. Porém, necessita ser preparado para cada refeição não devendo ser guardado e reaproveitado. Para acompanhar as refeições, usa-se apenas chá (chá verde, chá de jasmim, ou algum chá aromático que tenha preferência). A dieta do arroz deve ser feita de dois a três dias, podendo ser repetida a cada 15 dias (enquanto persistirem as evidências de umidade endógena).
A medicina chinesa dá muita importância ao bom funcionamento do sistema digestivo, pois na sua visão, a umidade é produzida quando o baço e estômago estão sofrendo alterações devido à alimentação desregrada. A umidade é produzida no sistema digestivo, porém acumula-se nos pulmões e seios paranasais.
Esse artigo serve apenas como uma breve referência e não deve ser utilizado como uma fonte de autotratamento. O tratamento deve ser prescrito por um profissional capacitado. O período de utilização de determinados alimentos e fitoterápicos irá depender das condições individuais de cada pessoa.
Isaac Padilha Guimarães Jr.
Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura
Formação em Quiropraxia Clínica, Formação em Terapia Manual Ortopédica, Professor Titular do Instituto Brasileiro de Acupuntura e Moxabustão de Porto Alegre.
fonte: Epoch Times em Português