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Restabelecendo o Qi e as Substâncias Vitais no Pós-Parto com Técnicas de Acupuntura

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Lia Fernanda Moreno Domingues
Jocilene Fabiana Da Costa Oliveira

Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso,
Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir Polloni – CETN

O período pós-parto, ou puerpério, inicia-se após o nascimento, com a saída da placenta. O puerpério estende-se por seis a oito semanas após o parto, período em que o seu corpo retorna às condições anatômicas e fisiológicas anteriores à gestação, ao mesmo tempo em que recupera do esforço da gravidez e do trabalho de parto.

O acompanhamento realizado por um acupunturista que trabalhe na perspectiva da Medicina Tradicional Chinesa pode contribuir plenamente na manutenção da saúde da puérpera. O uso da acupuntura e técnicas afins pode ser um importante instrumento no sentido de recuperar a saúde, auxiliando no reequilíbrio frente às patologias que podem se manifestar, sejam elas fisiológicas ou emocionais.

A aplicação da acupuntura em medicina chinesa no puerpério se faz extremamente relevante, podendo representar para inúmeras mulheres uma forma eficaz de fortalecimento do organismo, garantindo o equilíbrio físico e mental. A acupuntura atua não só no tratamento como na prevenção, a partir do corpo e de sua racionalidade médica específica, a fim de colaborar com a diminuição dos problemas do pós-parto.

Tornar-se mãe é um ritual de transição e envolve uma reorganização interna, ruptura de vínculos e de papéis, podendo resultar em quadros de depressão puerperal, sendo o puerpério um período no qual a autoconfiança da mulher encontra-se em crise (MERIGHI et al., 2006).

O período gravídico puerperal envolve mudanças biológicas, psicológicas e sociais, e a puérpera tem que reintegrar-se às funções de casa mesmo estando vulnerável tanto física como psicologicamente, necessitando assim de ajuda dos familiares e dos profissionais da saúde dando continuidade aos cuidados depois do parto (MERIGHI et al., 2006).

No tratamento de mulheres, a Acupuntura pode ajudar muito na fase pré-gestação, durante a gestação, no trabalho de parto e na recuperação pós-parto – todas as fases da maternidade onde é necessário evitar ao máximo a ingestão de medicamentos alopáticos.

A Acupuntura se mostra também um excelente recurso para recuperação da mãe no pós-parto, fortalecendo a saúde nesse momento tão importante da relação mãe-filho durante o aleitamento.

A MTC e especificamente a Acupuntura fornecem práticas naturais e pouco invasivas para dar apoio e alívio a diversos problemas associados ao pós-parto.

A visão da Medicina Tradicional Chinesa, MTC, traz de volta o conceito de que o ser humano é mais do que órgãos que funcionam isoladamente – somos uma totalidade somando nossas partes. Essa forma de ver o ser humano permite à MTC tratar inúmeras doenças e principalmente, tendências patológicas. Por analisar o aspecto mais emocional e energético, a Acupuntura permite alcançar questões emocionais que poderiam levar a doenças mais graves.

Este trabalho teve como objetivos o restabelecimento de QI e Substâncias Vitais no pós-parto.

MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo de caso realizado em uma paciente que se encontrava no período pós-parto, na qual foram utilizadas técnicas de acupuntura (auriculoterapia chinesa, sistêmica e magnetos), com o propósito de restabelecer as substâncias vitais, principalmente o Qi e XUE, ajudando na recuperação do pós-parto e tratando os sintomas patológicos (queixas) que a paciente apresentara.

A paciente E.S.S. 30 anos, em seu segundo parto, iniciou o tratamento com um mês após o parto, onde foram realizadas 05 (cinco) sessões, com as seguintes queixas: irritabilidade, leite escasso, sensibilidade no ventre, constipação e dores nas mamas.

MATERIAIS UTILIZADOS
Foram utilizadas agulhas 0,20×15, esferas de cristais e magnetos adesivos.

Foram colocados os pontos com agulhas em todas as sessões no tempo de trinta minutos.

MÉTODO
A paciente E.S.S., 28 anos, segunda cesariana, aparentava-se fisicamente pálida e cansada. O pulso profundo, a Língua estava pálida e sem saburra, demasiada e a ponta avermelhada. Queixava-se de pouco leite materno, dores nas mamas, dores na região abdominal (na cicatriz da cesariana), dores nas costas, fadiga física, constipação, leve irritabilidade e ansiedade.

Os pontos a seguir foram selecionados tendo como base os estudos sobre Medicina Chinesa, além das queixas da paciente.

BP6 – para tonificar o Qi e Xue, fortalecer baço e estômago, eliminar umidade, nutrir o sangue e o yin, regular a menstruação, regular micção, beneficiar as genitálias, harmonizar o triplo aquecedor e tranquilizar o Shen (Focks e März, 2008). Auteroche (1987) diz que BP6 é o ponto de reunião dos 3 meridianos Yin da perna, comanda o sangue.Foi inserido em tonificação, bilatelmente;

VC4 – para tonificar Qi, Xue e Rim, no ponto em tonificação e;

VB41 – mestre das vísceras, para a acomodação dos órgãos no pós parto, em harmonização bilateralmente.

Foram inseridas também as agulhas nos seguintes pontos:

VC 17- para tonificar o Qi e beneficiar as mamas, no ponto em harmonização;

ID1 – para a falta de leite após parto, em harmonização bilateralmente;

E18 – para beneficiar as mamas, reduzir inchaço e beneficiar a lactação, em harmonização, unilateral;

E22 – na distensão abdominal provocada no pós parto e constipação, em harmonização unilateral;

CS6 – para nutrir o coração e acalmar o Shen, em harmonização bilateralmente;

Ponto Extra- Yintang – para acalmar o Shen, em harmonização no ponto.

A escolha dos pontos, segundo Maciocia (2007) é que suas aplicações clínicas são: nutrir o sangue, tonificar o Qi, fortalecer o coração e acalmar a mente. Para harmonizar tem que haver um equilíbrio de Qi e sangue, porém sabemos que a mulher no pos parto podem também apresentar problemas emocionais que afetam o funcionamento do organismo. O medo leva a tensão que faz aumentar o nível de dor, a não produção adequada do leite materno, o novo desconhecido com os cuidados para com o bebê.

O uso do magneto: A utilização do magneto foi escolhida para poder dar a mulher liberdade de movimento, pois a maioria das mulheres fica com medo de se movimentar enquanto estão com as agulhas de acupuntura.

A magnetoterapia, segundo Souza (2005), é um sistema único de restabelecimento da saúde por meio da aplicação externas de magnetos permanentes ou eletromagnetos nas áreas afetadas ou extremidades do corpo.

Conforme Tano e Lopes (2013), uso dos magnetos bipolares estáticos de 1000 G durante 30 minutos tem mostrado resposta na redução da intensidade das dores musculoesqueléticas quando utilizada em face norte acoplada na pele.

Foi colocado o magneto adesivo em E25, para constipação e dor abdominal.

O ponto ashi coincidiu com VC2, onde foi aplicado o magneto, a qual sua função, segundo Focks e März (2008) é auxiliar na micção, aquecer o Yang, fortalecer o rim e regular o triplo aquecedor inferior, porém foi utilizado no local da dor, sem relacionar com as suas funções.

Na auriculoterapia chinesa foram utilizados os pontos: Shenmem, Rim, Parassimpático, Fígado, Baço, Coração, Região da lombar e Ansiedade.

Foram realizadas 5 sessões semanais, as quais permaneceram os mesmos pontos até a última sessão.

CONCLUSÃO:
A vivência do pós-parto na paciente em questão que participou deste estudo foi experienciada com satisfação por ser uma mãe saudável e sem maiores dificuldades. Contudo, o aspecto mais relevante implícito nos seus depoimentos foi a desarmonia e cansaço físico e a pouca produção do leite materno, pois a mesma cuidara sozinha do bebê, sendo que o companheiro passara o dia fora por conta do trabalho.

A partir da segunda sessão, a mesma relatou aumento na produção do leite materno e a diminuição da dor nas mamas, com mais disposição fisicamente. Relatou também melhora na constipação, e se apresentou mais calma e menos ansiosa.

Depois da terceira sessão já apresentou menor sensibilidade na região do ventre, a qual realizou uma cesariana, sobre a cicatriz e a melhora total da dor lombar.

A partir da quinta sessão apresentou uma melhora total das queixas relatadas, onde resolvemos encerrar o tratamento.

A desvalorização do ser mulher e do autocuidado em função da prioridade de atenção ao cuidado do recém-nascido. Hajam vistas as conquistas femininas, é desejável atenuar a responsabilidade total e resignada da mulher pelo cuidado do filho, acumulada com as tarefas do lar e as atividades da esfera pública. Assim, é preciso desconstruir o “mito da mãe perfeita”, estimulando, durante todo o processo gravídico-puerperal, a participação e colaboração ativa da família como um todo, na função maternal (ALMEIDA,2005)

Vimos que a acupuntura pode ser mais uma alternativa factível para auxiliar mães que se encontram em momento tão delicado. Esta técnica tem conquistado clientes a cada dia, por ser de fácil aplicação e praticamente indolor e não possuir efeitos colaterais. É um conhecimento cada vez mais acessível aos profissionais de saúde e, somado à formação profissional, otimiza o cuidar e o bem-estar do cliente, além de ser até mais econômico. A filosofia da MTC tem uma visão holística do ser humano, assemelhando-se às tendências assistenciais de humanização, e ambas se complementam.

Segundo os dados obtidos através deste estudo, a acupuntura mostrou resultados favoráveis no restabelecimento de QI e Substâncias Vitais no pós-parto.

Sendo assim, a acupuntura tem grande potencial terapêutico no tratamento, levando a melhora significativa dos sinais e sintomas que a paciente apresentara.

Através deste trabalho pode-se visualizar melhor os benefícios da acupuntura como tratamento no pós-parto, pois trata corpo e mente, sendo um tratamento muito promissor.

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