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Os fatores patogênicos externos como causadores de doenças em crianças

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MARIA ELIZABETH URIZZI MARTINS REZENDE DE MELLO

Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso, Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir – CETN

Numerosos fatores podem causar doenças nas crianças, na visão da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) estes incluem: os seis fatores exógenos, as sete emoções, dieta imprópria, tensão excessiva, falta de exercícios físicos, traumatismos, mordidas de insetos ou animais, sangue estagnado e flegma fluido (XINNONG, 1999)

Sendo assim, as causas mais comuns, pela MTC, são:

De acordo com Ross apud Lemos (2006) os Chineses chamam os fatores externos de “energias perversas” (patogênicas) são as energias capazes de provocar o aparecimento de patologias no organismo. Segundo Maciocia apud Lemos (2006), na MTC, as desarmonias de “Energia Perversa”(Xie Qi) ou “Pertubadoras”, funcionam como fator etiológico externo. (MACIOCIA, 1996).

Em condições normais de saúde o corpo não é invadido pelos seis excessos, isso acontece somente quando houver um desequilíbrio entre o Qi do corpo (Wei Qi) e o fator patogênico exterior (Xie Qi), em decorrência de alterações climáticas muito fortes, principalmente causado pela debilidade do organismo em relação ao fator climático, neste caso o Xie Qi penetra no organismo independente da sua intensidade.

Os fatores externos (vento,frio,calor,umidade,secura e fogo) podem invadir o corpo afetando o espaço entre a pele, músculos e os canais obstruindo as vias respiratórias superiores causando com mais frequência resfriados, gripes, faringites, laringites, infecções de ouvido, amigdalite.

Refere Yamamura apud Lemos (2006) que as energias perversas de características predominantemente Yin são as energias do Frio. Seu movimento energético provoca a condensação, a concentração e a redução de atividade. O excesso destes movimentos torna-a “nociva ou perversa”. Scot (1997) cita que as doenças devido aos seis fatores exógenos estão relacionadas intimamente com mudanças sazonais na intempérie e no ambiente natural. Por exemplo, síndromes de calor acontecem mais comumente no verão, síndrome de frio principalmente no inverno e síndrome de umidade normalmente são causadas por exposição prolongada à umidade, também podemos chamar essas síndromes de doenças sazonais.

Cada um dos seis fatores patogênicos exógenos podem afetar o corpo singularmente ou em combinação. Exemplo são os resfriados comuns devido ao vento e frio patogênicos, ou síndromes bi devido ao vento frio e umidade patogênicos. No processo de causar doença os seis fatores exógenos podem influenciar um ao outro e também podem, sob determinadas condições transformarem-se um em outro, por exemplo frio patogênico pode transformar-se em calor no interior do corpo, e calor de verão prolongado pode resultar em secura pelo consumo do Yin do corpo (SCOT 1997).

Para Scot (1997) o vento é o Qi predominante da primavera, mas também pode acontecer em quaisquer das quatro estações. O vento pode facilmente invadir o corpo depois da transpiração ou durante o sono. O vento é caracterizado pela súbita instalação e rápida progressão de sintomas e é frequentemente, a causa primária de várias doenças. Agride em primeiro lugar, a região cefálica e externa do corpo e pode rapidamente penetrar no interior. Quando penetra na região externa do corpo, encontra-se com o Qi protetor, resultando em sintomas que refletem distúrbios na circulação do Qi protetor, tais como febre e calafrios. Os distúrbios provocados pelo vento, que permanecem no exterior, são tratados com métodos que liberam e aliviam o exterior provocando, geralmente, a transpiração. O vento associa-se rapidamente a outros fatores patológicos, principalmente ao frio, umidade e calor.

Segundo Chonghuo (1993) Vento é o fator patogênico mais importante e o principal dos seis fatores patogênicos, outros fatores agridem o corpo associando-se ao Vento formando os fatores mistos: Vento Frio, Vento Calor, Vento Umidade e Vento Secura, por isso o Vento constitui o transportador de todos os outros fatores patogênicos exógenos para afecções no corpo. O vento é o fator patogênico exógeno primário causador de doenças, o vento patogênico não só pode combinar-se com os outros cinco fatores exógenos como também com flegma para formar flegma-vento, é um fator patogênico Yang e se caracteriza por “dispersão ascendente e exterior”.

O frio, o Qi predominante do inverno, pode acontecer em outras estações, mas não tão severamente. Vestimentas leves, exposição ao frio depois de transpirar, tomar chuva e andar pela água no frio do inverno podem dar origem à invasão de frio patogênico (SCOT, 1997). Para Xennong (1999) o frio é um fator patogênico Yin que consome o Yang Qi do corpo. Como resultado a função de aquecimento do corpo será enfraquecida, resultando em sintomas como membros frios, dor fria nas regiões epigástrica e abdominal, diarréia que contém comida não digerida, fluxo aumentado de urina clara. O frio caracteriza por contração e estagnação, resultando em enfraquecimento da abertura e fechamento dos poros, contração espasmódica dos tendões e canais de energia e prejuízo da circulação do Qi e do sangue. Sintomas que acompanham incluem dor, aversão ao frio, falta de transpiração e movimento restringido dos membros. Scot (1997) refere que frio é um fator patogênico Yin com característica de contrair, causando dor aguda e constritiva.

Doenças mais freqüentes em crianças e seus Xie Qi

O fator externo na influenza é o ataque pelo vento-frio patogênico, principalmente nas mudanças bruscas de clima. Como a criança tem suas deficiências este fator penetra com facilidade através da boca, nariz e pele causando os seguintes sintomas (Scot, 1997; Maciocia, 1996; Xinnong, 1999):

A tosse incomoda tanto a criança como seus familiares ocorrendo tanto durante o dia como a noite. Numa criança enfraquecida uma tosse moderada pode evoluir para pneumonia. Na medicina ocidental utiliza-se o antibiótico para tratamento da pneumonia no que resulta na formação de mucosidade-umidade ou torna-se um tipo de fator patogênico. Devido a pele delicada da criança e seu Qi protetor é fraco quando comparado com o do adulto, torna-se fácil a penetração de fatores patogênicos do tipo vento-frio, originando a tosse (SCOT, 1997). Segundo Maciocia (1996), a tosse tem como principal causa o vento que penetra na pele e na porção do Qi de defesa que é controlada pelos pulmões, prejudicando a descida do Qi do pulmão e causando a tosse, já para Xinnong (1999), uma vez que o pulmão é atacado pelos fatores patogênicos exógenos, o Qi do pulmão é bloqueado e fracassa em descender, resultando em tosse.

Ainda segundo Scot (1997) em clima úmidos observamos o padrão vento-frio acompanhado de Umidade ou mucosidade. Nestes casos a criança tem algum catarro, rinorréia espessa, sensação de corpo pesado, espírito (Shen) enfraquecido e pulso escorregadio.

A asma ocorre quando os três órgãos Yin dos Pulmões,Baço e Rim estão insuficientes, o Qi protetor não suficientemente forte e ocorre o acumulo de mucosidade-umidade, não sendo suficiente o Qi protetor dos pulmões não poderá expulsar os fatores patogênicos externos, os quais podem invadir repentinamente.Também se o Qi do baço está deficiente não remove os líquidos do estomago havendo acumulo de umidade e mucosidade que se dirigem aos pulmões, e se o Yang dos rins é deficiente, não pode vaporizar os líquidos, acumulando a água e umidade e se transformando em mucosidade.

Alterações do clima frio ou calor são os principais responsáveis pelo aparecimento da asma, juntamente com o corpo enfraquecido e o acumulo de mucosidade. Geralmente a doença quando aguda é causa de excesso e quando crônica é por deficiência , Scot (1997).

De acordo com a experiência clínica, Maciocia (1996), ainda se torna necessário muito aperfeiçoamento bem como constante revisão para a definição de asma. Mesmo em tempos modernos a asma é mais encontrada em países do ocidente. Dois fatores fundamentais fazem parte da patologia da asma: um é a deficiência dos Sistemas de Defesa do Qi do pulmão e do rim (raiz) e o outro é o vento (manifestação).

Para Xinnong (1999), a asma é uma doença comum caracterizada por ataques repetidos de dispnéia paroxística com sibilos, envolve uma variedade de desequilíbrios resultantes do distúrbio da atividade do Qi e pode ser dividido em dois tipos deficiência e excesso.

Cita, SCOT (1997) que a dor abdominal é comum em crianças: deixar a área periumbilical descoberta ou exposta ao frio, alimentos e bebidas com fator patogênico, excesso de consumo de frutas, alimentos e bebidas frias(isto se refere aos alimentos de natureza fria como exemplo a banana), e bebês quando a mãe recebeu anestésico no parto.O frio invade os intestinos que pela sua natureza contrátil, provoca espasmos que é a origem de estagnação, evitando que o Qi seja disperso, ocasionando a dor que aparece pelo frio em excesso.

Segundo Maciocia (1996) o frio exterior pode invadir diretamente os intestinos sem primeiramente causar sintomas exteriores, e para Xinnong (1999) o frio causa contração e estagnação.

Dor de início súbito e intenso e se irradia em direção cefálica e caudal do tipo cólica que é aliviada pelo calor

Este padrão é diferenciado do padrão de deficiência pela reação violenta da criança em relação a dor, e se diferencia do padrão de acúmulo pela coloração esbranquiçada da face.

Segundo Scot (1997): Na diarréia há três fatores patogênicos externos primários atribuídos: Calor de verão, Umidade e Frio. A vestimenta das crianças que deixa o umbigo exposto ao frio frequentemente favorece à doença, assim o vento-frio pode penetrar o corpo e ir para os intestinos e estomago. O Yang Qi torna-se enfraquecido e interrompe-se o mecanismo do Qi do corpo, afetando a digestão e causando a diarréia.

Para Maciocia (1996) o frio invade diretamente os intestinos, atravessa o Qi de defesa do corpo causando dor abdominal e diarréia, mas o fator mais comum causador de diarréia é a umidade.
Segundo Xinnong (1999) baço e estômago estão envolvidos patogeneticamente, no caso de estômago e baço estarem desequilibrados a digestão normal e a absorção dos alimentos são danificadas conduzindo a mistura da essência do alimento e do desperdício.

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