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O efeito da acupuntura na espasticidade em paciente portadora de paralisia cerebral

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Ferrari, A.
Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao CETN, 2011.

1 – INTRODUÇÃO
O termo Paralisia Cerebral ou encefalopatia crônica não-progressiva faz referencia a um grupo de disfunções motoras não progressivas que tem como causa uma lesão no Sistema Nervoso Central imaturo. As principais disfunções ocorrem no tônus, postura e movimentos.

A espasticidade pode ser definida como uma alteração do tônus muscular gerada por uma
lesão do motoneurônio superior, onde ocorre um aumento da resistência como conseqüência
do aumento da velocidade do movimento articular passivo. Na Medicina Tradicional Chinesa
o sistema muscular é regido pela ação energética do Fígado (na sua porção contrátil) e do Baço (forma e massa).

2- OBJETIVOS
O objetivo desse trabalho foi verificar os efeitos produzidos pela acupuntura no tratamento da espasticidade. Para a avaliação foi utilizada uma ficha de avaliação energética, Escala Modificada de Ashworth e avaliação do arco de movimento das principais articulações.

3 – MATERIAS E MÉTODOS
O estudo de caso foi realizado com um paciente portador de paralisia cerebral do tipo diplégica, do sexo feminino. Sendo a paciente menor de idade, foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pela responsável legal da mesma.

Na avaliação utilizou-se uma ficha de avaliação energética, a Escala Modificada de Ashworth, o Índice de Barthel e Tabela de Arco de Movimento.

A avaliação energética contou com informações sobre a história clinica da paciente, analise da língua e pulso. Já a Escala Modificada de Ashworth foi aplicada nas articulações do quadril, joelho e tornozelo.

O arco de movimento foi realizado com ajuda de um goniômetro e avaliou-se: flexão de quadril, abdução de quadril, flexão de joelho, dorsiflexão de tornozelo e flexão-plantar de tornozelo. A avaliação foi dividida em Arco de Movimento Ativo e Arco de Movimento Passivo.

A partir da avaliação foram realizadas 2 sessões por semana totalizando 24 sessões. A paciente manteve o tratamento fisioterapêutico convencional uma vez por semana com programa de alongamento.

Nas sessões foram utilizados os pontos sistêmicos F3 (Taichong) e BP2 (Dadu) e a técnica de craniopuntura chinesa com duas estimulações de um minuto e intervalo de 10 minutos nas áreas que representam a Área Motora dos Membros Inferiores e Área Sensitiva- Motora dos pés. Nessa estimulação utilizaram-se agulhas sistêmicas no tamanho de 0,25 x 0,30. Além disso, no final de cada sessão foram colocados os pontos de auriculoterapia Shem men ,Tronco Cerebral, Fígado, Relaxamento Muscular, Subcórtex e Cérebro, estimulados com sementes de mostarda e fixados com micropore.

Ao término das 24 sessões, foi repetida a avaliação do arco do movimento e Escala Modificada de Ashworth para comparação dos resultados.

4- RESULTADOS
A avaliação energética (ficha de avaliação em anexo) da paciente demonstrou, através de sintomas relatados e análise da língua e do pulso, um quadro de Deficiência de Xue e Deficiência de Qi do Baço Pâncreas.

A análise da espasticidade foi realizada através da Escala Modificada de Ashworth onde se avaliou as articulações do quadril, joelho e tornozelo em ambos os hemicorpos.

Na primeira avaliação no mês de março observou-se espasticidade mais evidente nos tornozelos que apontaram Ash 3 , nos joelhos obteve Ash 2 e nos quadris Ash 1.
Tabela 1 – Escala Modificada de Ashworth (avaliação)

Articulação Hemicorpo direito Hemicorpo esquerdo
Quadril Ash 1 Ash 1
Joelho Ash 2 Ash 2
Tornozelo Ash 3 Ash 3

Durante a reavaliação após 24 sessões observou-se melhora significativa na espasticidade presente na articulação do tornozelo que registrou Ash 2 em ambos hemicorpos e na articulação do joelho que registrou Ash 1+. Na articulação do quadril não houve alteração.
Tabela 2 – Escala Modificada de Ashworth (reavaliação)

Articulação Hemicorpo direito Hemicorpo esquerdo
Quadril Ash 1 Ash 1
Joelho Ash 1+ Ash 1+
Tornozelo Ash 2 Ash 2

Para comparação fidedigna foi solicitado à paciente realizar as duas avaliações com a mesma vestimenta. Devido a diminuição da espasticidade principalmente em tornozelo, a paciente apresentou melhora na deambulação e maior facilidade na realização dos exercícios fisioterapêuticos. Vamos denominar a avaliação realizada em março de A e a reavaliação realizado em junho de R. O gráfico a seguir mostra a comparação entre os valores obtidos na avaliação (A) e na reavaliação (R) nas diferentes articulações testadas.

5- CONCLUSÃO
Através desse trabalho conclui-se que a aplicação da acupuntura juntamente com o trabalho de reabilitação convencional, nos proporciona resultados satisfatórios no que diz respeito a espasticidade , acarretando melhora na qualidade de vida de indivíduos que apresentam essa condição.

Sugere-se estudos com maior amostragem e aplicações durante períodos maiores para que se tenham dados a longo prazo do efeito da acupuntura no tratamento da espasticidade, podendo assim oferecer aos pacientes com espasticidade uma nova opção terapêutica eficaz.

Orientado por profA. Karina Giroldo Caldeira, adaptado por profa. Brena de O. B. Montanha.

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