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Nova craniopuntura Yamamoto (YNSA) no tratamento da dor cervical

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Juliana Alexandre Cerveira
Natália Botelho Dias Sako

Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso, Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir Polloni – CETN

A cervicalgia é uma síndrome de causas diversas que se manifesta por dor e rigidez na coluna cervical, em geral está relacionada com movimentos bruscos, longa permanência em posição forçada, esforço ou trauma. Nessa disfunção, a dor é geralmente o sintoma mais frequente, estima-se que aproximadamente 50% dos indivíduos adultos experimentarão dor cervical em algum momento da vida. Apesar dos avanços da Medicina, protocolos para o controle da dor ainda requerem estudos, especialmente em pacientes pediátricos, geriátricos, oncológicos e diabéticos, nos quais os fármacos utilizados no tratamento da cervicalgia podem promover sedação, depressão respiratória e distúrbios gastrointestinais. Dessa forma, métodos complementares, como a acupuntura e a fisioterapia, estão sendo cada vez mais utilizados para o tratamento da dor.

OBJETIVO: Avaliar a efetividade de uma técnica de acupuntura, a Nova Craniopuntura de Yamamoto (YNSA), no alívio da dor cervical, comparada à fisioterapia.

METODOLOGIA: Foram convidados a participar do estudo 7 voluntários portadores de dor cervical, com idade entre 29 a 66 anos, divididos aleatoriamente em 3 grupos distintos:

Os grupos foram divididos da seguinte forma: dois pacientes no Grupo 1, dois no Grupo 2 e três pacientes no Grupo 3. Um paciente do Grupo 2 e um paciente do Grupo 3 realizaram apenas uma sessão e desistiram do tratamento por motivos pessoais. Os dados desses pacientes foram utilizados para compor a analise dos dados.

Em ambos os grupos foram avaliadas a intensidade da dor e a amplitude de movimento (ADM). Para a avaliação da intensidade da dor, foi utilizada a Escala Visual Numérica (EVN), descrita por Sousa e Silva (2005), que consiste numa escala graduada de zero (0) a dez (10), na qual zero significa ausência de dor e dez, a pior dor imaginável. Os participantes da pesquisa foram instruídos a marcar o nível de dor sentido no momento em que esse era questionado.

Na realização da goniometria, os participantes foram posicionados sentados numa cadeira e o instrumento a ser utilizado foi um goniômetro da marca Trident, avaliando os angulos de flexão, extensão, rotação direita, rotação esquerda, inclinação direita e inclinação esquerda da coluna cervical. Além disso, foi questionada também a presença de dor à movimentação. A movimentação obtida foi comparada com valores de ADM padrão descritos por Raimundo et al. (2007).

Os testes foram realizados em 3 momentos distintos: antes e logo após a primeira sessão e após a última sessão. Devido ao tamanho da amostra, a analise dos dados foi realizada de forma descritiva. Para facilitar a analise foi utilizada a variável Ganho Relativo (GR), que relaciona o pré e o pós tratamento, nos dados referentes à ENV. Considera-se GR = 100*(pós-pré)/pré, no caso onde aumento significa melhora ou GR= 100*(pré-pós)/pré, no caso onde diminuição representa melhora.

RESULTADOS: De acordo com a analise dos dados, verificou-se que os três tipos de tratamento resultaram em melhora da dor, porém nos tratamentos em que foi associada a YNSA houve um ganho relativo maior se comparado com o grupo que realizou apenas fisioterapia. Ao analisar o resultado referente à dor antes e após a primeira sessão, os pacientes que realizaram apenas fisioterapia não obtiveram melhora da dor, enquanto a maioria dos pacientes que realizou apenas YNSA ou YNSA associada à fisioterapia obteve melhora da dor na primeira sessão.

Com relação à goniometria, de uma maneira geral, todos os grupos de tratamento demonstraram melhora, porém nos Grupos 2 e 3, todos os voluntários apresentaram ausência de dor ao movimento na última sessão, o que não se observa no Grupo 1, onde apesar da melhora na amplitude de movimento, um dos voluntários continuou realizando alguns movimentos com dor.

DISCUSSÃO: Os resultados demonstraram que os grupos de tratamento em que foi aplicado a YNSA apresentaram um maior índice de melhora da dor, quando comparado ao grupo que realizou apenas fisioterapia. Outros estudos que comparam a aplicação de YNSA ou acupuntura tradicional com tratamentos convencionais para dor cervical obtiveram resultados semelhantes.
Vas et al. (2006) compararam o uso de acupuntura com Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) realizadas por 5 sessões, divididas em 3 semanas, em 123 pacientes. O Grupo que realizou acupuntura obteve melhora na dor, significativamente maior que o grupo que realizou TENS, quando avaliados pela VAS (Visual Analogue Scale). Outro estudo realizou a aplicação de YNSA em 08 pacientes por 10 sessões para o tratamento de dor crônica cervical e obteve resultados positivos, com melhora da dor (SILVA et al., 2008).

Irnichet al. (2001) em seu estudo compararam a acupuntura com massagem para o tratamento de dor cervical crônica em 177 indivíduos. O tratamento foi realizado em 5 sessões, durante 3 semanas, e foi avaliada a dor à movimentação usando a VAS. Ao final do tratamento o grupo que realizou acupuntura obteve redução da dor relacionada ao movimento significativamente maior que o grupo que realizou apenas massagem. O que corrobora com os resultados obtidos neste estudo, visto que foi observada ausência da dor à movimentação, na avaliação final, durante a goniometria, em todos os pacientes que realizaram YNSA e que apresentavam dor ao movimento na primeira avaliação, enquanto nem todos os pacientes que realizaram apenas fisioterapia obtiveram essa melhora.

Outro aspecto observado neste estudo foi a melhora da dor na primeira sessão, observada apenas nos grupos que realizaram YNSA, aspecto este, observado também no estudo de Shaladiet al., 2010 que avaliaram o efeito da cranioacupuntura na dor cervical. No estudo, 46 pacientes foram submetidos ao tratamento com uma única sessão de YNSA (puntura no ponto A) e foi observada a diminuição de 71% na dor, utilizando a VAS, o que demonstra que a YNSA é eficaz na diminuição da dor cervical com apenas uma sessão de tratamento.

Schockert (2009) avaliou a eficácia da YNSA através de questionários enviados a profissionais que trabalham com o método, onde foi considerada a experiência dos profissionais e o resultado da técnica em seus pacientes. Houve unanimidade dos profissionais avaliados em relatar sucesso na aplicação da YNSA para tratar dor no sistema locomotor (incluindo dor cervical), dentre outras patologias.

Dessa Maneira a YNSA figura como uma alternativa de tratamento para a dor cervical, por se mostrar um método seguro e eficaz (IRNICH et al. 2001). Alem disso têm-se evidências de que, para indivíduos com cervicalgia crônica, o uso de anti-iflamatórios não hormonais e relaxantes musculares não é eficiente (WAGNER et a., 2009), fazendo-se necessário, portanto, o uso de técnicas como a YNSA e acupuntura que trazem alívio para a dor.

CONCLUSÃO: A YNSA mostrou maior efetividade para o tratamento da dor cervical se comparada com a fisioterapia convencional, porém não foram observadas diferenças entre o uso da YNSA isoladamente ou associada com a fisioterapia. Entretanto sugere-se a realização de novos estudos que façam essa comparação com uma amostra maior, para uma melhor fundamentação da eficácia da técnica.

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