#vemprocetn

Infertilidade e o tratamento através da acupuntura

< voltar

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao CETN Bauru – 2013.
LIVIA FABIANA DE SOUZA

1- INTRODUÇÃO

O presente trabalho tratará sobre a infertilidade e seu tratamento com usos da acupuntura. A infertilidade é definida pela Organização Mundial da Saúde como a incapacidade de conceber após 24 meses de relações sexuais desprotegidas(WHO,2001). Entretanto, na prática o período é geralmente mais curto, estabelecendo-se a infertilidade após 12 meses sem alcançar a gestação, ou até 6 meses nos casos de mulheres acima de 35 anos de idade (PraticeCommitteeofthe American Society for Reproductive Medicine,2008).

O objetivo da pesquisa é o de adquirir conhecimento sobre a patologia e mostrar que a Medicina Tradicional Chinesa oferece recursos para o tratamento das diversas causas da infertilidade feminina.

A prevalência da infertilidade varia de 5% a 15% em mulheres de 20 à 44 anos após 12 meses de exposição regular ao coito sem obtenção de gestação (BOIVIN et al. 2007). As estimativas sugerem que 30% dos casos estão associados a fatores femininos, 30 % à fatores masculinos, 30% para ambos os fatores e 10% dos casais não apresentam causa conhecida para infertilidade, denominada infertilidade sem causa aparente (ISCA) (Consenso de Infertilidade Masculina,2003).Estudos epidemiológicos mostram que entre as causas femininas de infertilidade incluem principalmente alterações ovulatórias, obstrução tubária, endometriose, ou idiopáticas (COLLINS,2004; MAHESHWARI,2008).

Uma das principais causas de infertilidade, a endometriose, é uma doença crônica, estrógeno-dependente, definida como a presença de tecido endometrial funcional (estroma e glândulas) fora da cavidade uterina. Tem uma prevalência de até 5% na população de mulheres férteis, mas pode chegar a 40% em mulheres apresentando infertilidade (CHILD, TAN,2001).

A associação entre infertilidade e endometriose já foi percebida há muito tempo. Diversos trabalhos,de maioria retrospectiva,demonstram que a taxa de fecundidade mensal de pacientes com endometriose pode estar reduzida a metade quando comparadas às mulheres que não possuem a doença(WITZ,2002).

Muitos autores defendem que a endometriose não é, na verdade,uma desordem isolada,mas sim,a representação de uma variedade de doenças (HARRISON, et al,2000; CALHAZ, et al, 2003).

A precisa relação causa e efeito entre essas entidades ainda não é clara e muitas teorias se tem postulado tentando-se obter um melhor entendimento dessas doenças e de como abordá-las de modo benéfico para as pacientes.

Comumente se atribui a distorções da anatomia pélvica, o mecanismo de infertilidade em casos de endometriose grave, entretanto isso ainda não explicaria a infertilidade em estágios mais precoces da doença (WITZ,2002).

Dentre as diversas teorias postuladas, estão:desordens endócrinas (como defeitos na fase lútea e síndrome dos folículos luteinizados não rotos), alterações imunológicas e até defeitos intrínsecos uterinos que serão abordados posteriormente. Infelizmente, nenhuma dessas teorias conseguem comprovar de modo absolutamente inequívoco, a infertilidade associada a endometriose, especialmente em graus mais moderados da doença das glândulas e estroma uterino ectópicos (WITZ,2002).

Nos últimos dez anos, o número de pacientes inférteis com endometriose teve um aumento significativo, o que é um dado extremamente relevante, mesmo que só venha traduzir uma melhora na pesquisa diagnóstica – com a videolaparoscopia – ou mesmo um aumento da prevalência dessa doença entre as mulheres (ABRÃO,2000).

É importante se considerar que a infertilidade influencia no psicológico e social do casal, que se vê incapaz de ter descendentes que possam vir a complementar seus projetos de vida. Não se deve subestimar,sob hipótese alguma, o peso dessa condição no relacionamento dos parceiros, pois isso pode ter uma interferência importante no processo de relação do médico com o casal e no próprio tratamento.

Face à evolução da medicina e ao aumento das alternativas terapêuticas, nota-se um aumento contínuo ao número de consultas às clínicas de infertilidade. Tal fato também é dependente da presença feminina no mercado de trabalho e de suas mudanças no comportamento socioeconômico. Devido à participação da mulher nas atividades profissionais, levando – as a adiar a decisão sobre a gravidez. Isto significa que muitas destas mulheres expressarão o desejo de engravidar ao redor dos 35 anos, fase crítica do começo da diminuição da probabilidade de gravidez.

O aumento da idade da mulher que deseja a gravidez, associado a problemas psicossociais, acentuam o perfil psicossomático caracterizando mulheres muito mais ansiosas, na expectativa de resultados positivos e com menor aceitação das condutas médicas, favorecendo e exacerbando os mecanismos de instalação da endometriose. Assim, surge a possibilidade de tratamento junto à técnica de acupuntura.

A metodologia utilizada será através de análise de referenciais teóricos, livros, artigos científicos sobre os assuntos infertilidade e sobre a acupuntura.

2- Infertilidade para a Medicina Tradicional Chinesa

Pode-se verificar que, a investigação das causas da infertilidade envolve fatores hormonais, causas físicas, má formação, entre outras. Segundo Auterocheet al. (1987) na Medicina Tradicional Chinesa há duas concepções clássicas de infertilidade feminina: deficiências congênitas e patologias adquiridas.

De acordo com Yamamuraet al(1999) a infertilidade causada por fatores patogênicos adquiridos pode ser definida em basicamente três tipos: Plenitudes, Vazios e Vazio de Qi(energia) e de Xue(sangue).

O tipo plenitude é quando pode ocorrer a obstrução do útero e dos canais energéticos Ren Mai e Chong Mai por fatores patogênicos. O tipo vazio é quando há falta de Qi(energia) ou Xue(sangue) e é necessário tonificá- las.

E há ainda as deficiências congênitas que são as alterações anatômicas do órgão sexual feminino.

Os fatores patológicos adquiridos são quando o equilíbrio Yin/ Yang está em desarmonia devido a fatores externos adquiridos com o tempo (MACIOCIA, 2000). Para a Medicina Tradicional Chinesa a saúde de um indivíduo depende basicamente do sutil equilíbrio entre Yin e Yang. Quando esse equilíbrio esta abalado começam surgir os padrões patológicos (doenças).

Ao restabelecer o equilíbrio entre Yin e Yang é possível eliminar os fatores patológicos e restabelecer a saúde do individuo.Além do tratamento com acupuntura dos pontos sistêmicos existem outras técnicas da Medicina Tradicional Chinesa que podem ser utilizadas no tratamento da infertilidade feminina.

3-CONCLUSÃO

A Acupuntura, assim como outras modalida¬des terapêuticas da MTC, pode ser de grande valia para a população de modo geral, sendo amplamen¬te indicada para uma grande variedade de doenças pela Organização Mundial de Saúdee pelo Natio¬nalInstituteof Health, incluindo a insônia dentre essas doenças.

Os profissionais da área da saúde, incluindo os médicos das mais diversas especialidades, deve¬riam ter mais informações sobre os possíveis efeitos da Acupuntura, assim como as suas principais indi¬cações.

Os resultados observados nesta revisão de li¬teratura sugerem que a Acupuntura e suas variantes (principalmente Acupuntura Auricular) têm a capaci¬dade de oferecer excelentes resultados no tratamento de pacientes com infertilidade. No entanto, es¬tudos com melhores e mais rigorosos métodos, como ensaios clínicos randomizados, controlados, simples-cego, e com amostras maiores devem ser realizados para determinar melhor a eficácia da Acupuntura no tratamento.

Embora os efeitos da Acupuntura já tenham sido relatados há milhares de anos, foi apenas no século XX que tal técnica começou a ser investigada cientificamente, em virtude do interesse de médicos chineses com formação científica ocidental em buscar explicar o seu mecanismo de ação. Responder a essa questão é uma tarefa hercúlea em virtude das inúmeras variáveis que gravitam em torno de um fenômeno de tal natureza, indo desde fatores de ordem econômica até o nível de formação exigido para a aplicação da técnica, em outras palavras, sobre quem pode efetivamente aplicar a referida técnica, haja vista os recentes embates que, principalmente, o Conselho Federal de Medicina tem travado com outros conselhos profissionais a fim de garantir que a Acupuntura seja apenas uma especialidade médica e, assim, só médicos possam prescrevê-la e aplicá-la.

Não entrando no mérito de tais discussões, pois nos parecem extremamente carentes de argumentação técnica e teórica, incapazes de justificar a supremacia de um profissional em relação a outro, o certo é que os profissionais devem buscar conhecer o estado da arte em que se encontram as discussões sobre a pertinência da Acupuntura na prática para ajudar a combater a infertilidade.

Adaptado por profa. Brena de O. B. Montanha.

whats app