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Estudo de Caso: Acupuntura, Ventosaterapia e Moxabustão na Melhoria da Qualidade de Vida de um Cliente com Hiperidrose.

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Artigo elaborado por Carla Ceppo, baseado no TCC da aluna Cintia M.L.Luizeto, para conclusão de pós graduação em Acupuntura pelo CETN.

Na medicina ocidental, para a manutenção da homeostasia corporal, o volume e a composição dos líquidos corporais devem permanecer relativamente constantes. A produção de suor é regulada pelo sistema nervoso autônomo (SNA) simpático e tem relação direta com o controle da temperatura do organismo. A quantidade de líquido que se perde no suor é variável, dependendo do nível de atividade física e da temperatura do ambiente. Normalmente o volume de suor é de apenas 100mL/dia, aproximadamente. Mas, quando faz muito calor ou durante exercícios físicos intensos, a perda de água através do suor pode chegar de 1 a 2 L/h.

Hiperidrose é uma condição que provoca suor excessivo e ocorre mesmo sem a presença de qualquer um desses fatores mencionados acima, ou seja, a pessoa pode transpirar até mesmo em repouso. Essa sudorese excessiva e constante ocorre por diferentes causas, como o estresse, a instabilidade emocional, fatores hereditários ou doenças, acontece por hiperatividade das glândulas sudoríparas, podendo manifestar-se nas palmas das mãos, plantas dos pés, axilas, rosto, sob as mamas, na região inguinal e no couro cabeludo, enfim partes do corpo que contém maior número dessas glândulas. Há dois tipos de Hiperidrose, a primária focal que aparece na infância ou adolescência, geralmente, nas mãos, pés, axilas, cabeça ou rosto. As pessoas não suam quando dormem ou em repouso. Afeta de 2% a 3% da população, no entanto, menos de 40% dos pacientes com essa condição consultam um médico. Já a secundária generalizada costuma surgir na fase adulta e está relacionada a uma doença de base e seu tratamento consiste fundamentalmente na correção desta patologia. As pessoas com a secundária suam em todas as áreas do corpo ou em regiões incomuns e podem transpirar excessivamente também durante o sono.

Pela interpretação da MTC, a fisiopatologia energética da Hiperidrose se dá pelo excesso de atividade cardíaca que produz e transfere o Calor ao sangue. No interior dos vasos o sangue é transportado para o organismo, produzindo desta forma o Calor interno, o qual aumenta o metabolismo celular, que de modo reflexo, utiliza as glândulas sudoríparas para ativar a sudorese. Assim, considerando a importância do emocional no controle da Hiperidrose e o caráter holístico da Acupuntura e de outras Práticas Complementares, estes se tornam importantes possibilidades de tratamento nesses casos.

O caso relatado no TCC foi de um paciente que apresenta Hiperidrose na região do couro cabeludo, que a Medicina. O paciente recusou se submeter a procedimentos invasivos ou cirúrgicos, mas sofre com os efeitos deste distúrbio. Sendo assim, propôs-se um tratamento que poderia proporcionar equilíbrio e bem-estar, melhorando sua qualidade de vida e ao mesmo tempo, subsidiar a construção de trabalhos científicos que tratem deste tema. As dificuldades que surgiram para a realização deste trabalho foram recusa das agulhas pelo voluntário no decorrer do tratamento e a análise dos resultados, devido à subjetividade dos mesmos.

O diagnóstico energético foi determinado através de interrogatório, com base no instrumento utilizado no Ambulatório do CETN, o qual contém questões abertas, que investigam o paciente como um todo. Além da utilização das técnicas de diagnóstico do pulso e da língua. A proposta terapêutica se deu de acordo com o resultado do diagnóstico energético, baseado nos 8 Critérios (Exterior/Interior – Excesso/Deficiência – Calor/Frio – YIN/YANG), nas Síndromes das Substâncias Fundamentais, nas Síndromes dos Órgãos e Vísceras (ZANG/FU) e nos “5 Elementos”. Assim, deu-se o Diagnóstico Energético como sendo um desequilíbrio de Localização Interior e de Natureza Calor. Um Calor interno, de característica YANG, com Ascendência de YANG do Fígado (gan), em alguns momentos e Calor no Fígado (gan) invadindo o Coração (xin). O tratamento utilizando técnicas e pontos de Acupuntura, Ventosaterapia e Moxabustão; foram escolhidos após a realização das etapas citadas acima.

Para complementar o diagnóstico, foi utilizado o equipamento RDK e com base no gráfico gerado, puncionou-se os pontos: Lado Esquerdo: tonificação CS9 (zhongchong), C9 (shaochong) e em sedação E36 (zusanli), VB34 (yanglingquan), F3 (taichong).  Lado Direito: tonificação CS9 (zhongchong), B65 (shugu) e em sedação P9 (taiyuan), IG11 (quchi), TA10 (tianjing), VB34 (yanglingquan), F3 (taichong). Além do Ponto Extra YINTANG. Durante 30 minutos. Foi oferecido ao voluntário complementar o tratamento com Auriculoterapia, porém mesmo relatou já ter usado e não ter se identificado, pois o material na orelha o incomoda.

Na sessão seguinte, o paciente relatou não obter melhora dos sintomas. Puncionou-se bilateralmente, os Pontos Fontes R3 (taixi), BP3 (taibai), P9 (taiyuan), C7 (shenmen).  Além do Ponto Extra YINTANG. Durante 30 minutos.

Seguindo com o tratamento, o cliente apresentou-se muito agitado com o relato de ainda estar suando muito e urinando pouco. Recusou agulhas, pois possui trauma de infância e não quer continuar o tratamento, mesmo com as finas agulhas de Acupuntura. Foi utilizado Ventosaterapia nos Pontos SHU Dorsais. Aplicando-se por 20 segundos os copos na coluna e por 5 minutos nos pontos paravertebrais. Os pontos correspondentes ao BP, R, C, B, P, F e VB mostraram estagnação moderada com congestão e toxinas, observando-se uma piora no lado direito; ID e E mostraram circulação saudável. Assim, realizou-se um reforço de 5 minutos nas áreas com maior estagnação, ou seja, no lado direito, C, F, R e B.

Na sessão posterior, o cliente relatou ter gostado muito da técnica de Ventosaterapia. As marcas de estagnação da última sessão já haviam desaparecido. Assim, repetiu-se a técnica, deixando o copo por 5 minutos em cada região correspondente aos órgãos e vísceras, de acordo com a Tabela de Ventosaterapia do Professor Jóji Enomóto. Onde as regiões de P e B mostraram deficiência de QI e XUE; de C, BP, R e F mostraram estagnação moderada com congestão e toxinas; já de E, VB, IG e ID mostraram circulação saudável. Realizou-se reforço por mais 5 minutos em região de F, C, B, R e P no lado direito do corpo, onde a resultado estava pior.

No encontro seguinte, o cliente relata estar exausto e ainda suando muito. Percebeu-se um comportamento bastante agitado. Optou-se pela Técnica de SHU Antigos. Assim, através do Ciclo KO ou Ciclo de Controle Avô-Neto, pensou-se em Sedar Fogo e Tonificar Água. O voluntário optou por tentar as agulhas, novamente. Foram puncionados os pontos C3 (shaohai) e R10 (yingu), bilateralmente, por 30 minutos. Entretanto, pode-se observar grande tensão devido às agulhas.

Na consulta posterior, embora a Terapeuta tenha percebido melhora no estado físico, mental e emocional do cliente, o mesmo relatou nenhuma melhora perceptível. Realizou-se Moxabustão indireta, com Moxa bastão de Artemísia, em R1 (yongquan), bilateralmente e Ventosaterapia, com o material já citado acima, em VG14 (juque) por 10 minutos.

Nas três sessões seguintes, realizou-se a Técnica de SHU Antigos, considerando o Ciclo SHENG ou Ciclo de Geração Mãe-Filho, com Moxabustão, utilizando a Moxa botão de Artemísia, nos pontos F2 (xingjian) e CS8 (laogong). Já na sessão posterior, utilizou-se F2 (xingjian) e C8 (shaofu). Dessa forma, objetivando-se sedar o Elemento Madeira. Além de tranquilizar a mente com Moxabustão indireta utilizando-se Moxa incenso no Ponto Extra YINTANG.

No penúltimo encontro, optou-se pelos pontos da Técnica de Vasos Maravilhosos, utilizando-se Moxabustão, com Moxa botão de Artemísia nos pontos do Vaso YANG WEI MAI, que são TA5 (waiguan) e VB41 (zulinqi), com o objetivo de transferir a energia YANG de cima para baixo e de baixo para cima.

No último encontro, optou-se pelos pontos da Técnica de Vasos Maravilhosos, utilizando-se Moxabustão, com Moxa botão de Artemísia nos pontos do Vaso CHONG MAI, os quais são BP4 (gongsun) e CS6 (neiguan), com a finalidade de distribuir a energia YIN, transferindo-a da superfície para a profundidade e vice versa. É importante ressaltar, que as sessões ocorreram durante três meses, conforme a disponibilidade do voluntário e para direcionar o tratamento e as sessões, foram utilizadas as apostilas do CETN e o Guia Prático de Acupuntura.

Para comprovar os resultados, foram comparados os gráficos de RDK, colocados abaixo. Considerando o primeiro gráfico, em que a linha média está em 57, pode-se dizer que o cliente está em um nível fisiológico e que os ZANG FU PC (xin bao), C (xin), BP (pi) e B (pang guang) que estão abaixo desta linha e os pontos de F (gan) e VB (dan), que encontram-se acima desta linha, deveriam ser tratados.

Observando o segundo gráfico, pode-se dizer que o tratamento estava sendo eficaz, pois a linha média está em 56, ou seja, manteve-se dentro do nível fisiológico e os pontos referentes aos ZANG FU se aproximaram da faixa de equilíbrio energético, mostrando um desenho mais harmônico do que no primeiro gráfico. Principalmente, em relação aos pontos que representam o ZANG F (gan), o qual foi o foco do tratamento, essencialmente, nas últimas sessões, em que se procurou sedar F (gan), que é o ZANG do Elemento Madeira.

Entretanto, ainda há uma distância maior dos pontos do FU B (pang guang) em relação à faixa. Indicando que o tratamento poderia continuar com uma atenção maior neste FU.

GRÁFICO PRÉ TRATAMENTO

2019, artigos, editor,
2019

GRÁFICO PÓS TRATAMENTO

2019, artigos, editor,

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