Confira uma entrevista com o médico Walter Viberbo e saiba ainda o que as pesquisas nesse tema têm indicado recentemente.
iSaúde Bahia – Como a acupuntura pode ajudar no tratamento da asma?
Walter Viterbo – O estímulo produzido pela penetração das finas agulhas de acupuntura na pele do paciente gera uma resposta do nosso cérebro que é a de estimular a liberação de substâncias na corrente sanguínea, entre elas as imunoglobulinas, que ajudam a controlar os processos alérgicos.
iSB – Há alguma relação, dessa ação da acupuntura contra a asma, com sua ação contra alergias?
Walter Viterbo – Assim como citado, as imunoglobulinas liberadas na corrente sanguínea reduzem os efeitos das alergias.
iSB – Para a eficácia desse tratamento, é importante que o paciente seja submetido a ele precocemente? Por quê?
Walter Viterbo – Sim. A importância da medicina preventiva fica evidente neste exemplo, os pacientes alérgicos, quando tratados regularmente e não somente nas crises, apresentam menos episódios de crises alérgicas do que os que só se tratam quando os sintomas estão instalados.
iSB – Há alguma diferença nos efeitos desse tratamento entre crianças e adultos?
Walter Viterbo – Na nossa observação pessoal, as crianças parecem ter resultados melhores que os adultos.
iSB – Há uma quantidade de sessões determinada para que o tratamento seja eficaz?
Walter Viterbo – Cada indivíduo tem a sua patologia, portanto, o tratamento não tem um tempo padrão. Há pessoas que melhoram com poucas sessões e outras demandam mais.
“A acupuntura não orienta que o paciente com asma encerre seu tratamento medicamentoso”.
iSB – Há casos de asma em que a acupuntura basta como tratamento ou ela sempre desempenha o papel de tratamento complementar?
Walter Viterbo – Sim, há casos em que o paciente refere passar longos períodos sem necessitar o uso de medicamentos. É necessário deixar claro, entretanto, que a acupuntura não orienta que seja encerrado o tratamento medicamentoso e que o paciente jamais deve deixar de usar os seus medicamentos, quando necessário.
Para saber mais:
A tese de doutorado do Dr. Hong Jin Pai, realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, encontrou que o uso da acupuntura real em pacientes com asma leve a moderada, num grupo de pacientes com a celularidade mais inflamatória, teve melhor resultados de sintomas diários, tais como dispneia e despertar noturno, de medida de volume de peak-flow matutina e de avaliação de qualidade de vida em asma e SF36, além da diminuição quantitativa de neutrófilos e de eosinófilos, com aumento de macrófagos, que justificam os efeitos anti-inflamatórios e imunitários.
No geral, estudos demonstraram que a acupuntura estimula o sistema nervoso, resultando na liberação de moléculas mensageiras neuroquímicas. Essas alterações bioquímicas influenciam o mecanismo homeostático do organismo. Diversos estudos publicados investigaram os mecanismos possíveis do alívio da asma pela acupuntura e encontraram que a acupuntura:
– Tem efeitos na imunidade celular de pacientes com asma alérgica, com a alteração nos níveis de imunoglobulinas, eosinófilos, linfócitos T e citocinas (YANG 2013; JOOS, 2000).
– Reduz células inflamatórias imunomediadas, principalmente em relação ao balanço das células T helper 1 e 2, e suas citocinas associadas (JEONG 2002).
– Reduz inflamação das vias aéreas em geral, por promover a liberação de fatores vasculares e imunomoduladores (KAVOUSSI 2007; ZIJLSTRA 2003).
– Regula a expressão de proteínas surfactantes, que ajudam a diminuir a resistência das vias aéreas e que também modulam a resposta imune (YAN, 2010).
– Inibe mudanças estruturais nas vias aéreas, reduzindo, então, a sua resistência, provavelmente pela inibição da proteína de canal relacionada ao cálcio na musculatura lisa das células das vias aéreas (WANG, 2012).
– Regula a expressão de genes e proteínas que controlam a resposta inflamatória das vias aéreas (MO, 2012; XU, 2012; YIN, 2009).
– Age nas áreas cerebrais que são responsáveis por diminuir a sensibilidade a dor e o stress, assim como promover relaxamento e desativar a área “analítica” cerebral, responsável por sintomas de ansiedade (HUI, 2010).
fonte: iSaúde Bahia
