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O uso de acupuntura e magnetoterapia em úlcera venosa

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Autor do TCC: Paulo Henrique dos Santos UNIDADE Campinas T10

Autora do Artigo: Carla Ceppo

As feridas ou úlceras podem ser classificadas como agudas ou crônicas. As feridas agudas cicatrizam espontaneamente no período inferior a três meses enquanto que as feridas crônicas apresentaram falha no processo normal de cicatrização, não alcançando a reparação integral anatômica ou funcional no período de três meses, podendo demorar anos. Alguns estudos demonstram que grande parte das úlceras que ocorrem nos membros inferiores são de origem vascular, sendo 70 a 90% resultante de insuficiência venosa e de 10 a 15% relacionada a oclusão arterial ou decorrente de pé diabético. Para a medicina ocidental, a grande dificuldade no tratamento desse tipo de lesão tem relação ao déficit da chegada de oxigênio e nutrientes necessários para que as células envolvidas na recuperação do tecido tenham energia suficiente para cumprir as fases do processo cicatricial. Para a completa cicatrização sucesso é necessário que aconteçam alterações dinâmicas das células teciduais passando pelas fases: inflamatória, representa cerca de 10% de todo o processo; fase proliferativa, onde acontecem as primeiras ligações entre as bordas da ferida e a terceira fase do processo que é clinicamente considerada a mais demorada e importante, pois é nela que ocorre a deposição de colágeno de maneira organizada, fundamental para dar origem ao tecido de cicatrização. O tratamento das úlceras venosas abrange uma série de recomendações para o paciente como alimentação rica em proteínas, descansos periódicos ao longo do dia, uso de meias apertadas que favoreçam a circulação sanguínea e a realização de curativos periodicamente. Porém ainda não é conhecido nenhum tipo de tratamento ou material que consiga atuar diretamente na causa do problema.

A medicina tradicional chinesa (MTC) possui recursos e técnicas, como a acupuntura e a magnetoterapia, que podem melhorar a circulação sanguínea e reduzir os efeitos da hipertensão local, diminuindo o tempo necessário para que o organismo consiga cumprir todas as etapas do processo de cicatrização e o índice de recidivas. A combinação destas técnicas foi utilizada em um estudo, com um paciente que desenvolveu duas úlceras venosas, uma em cada membro inferior, por comprometimento circulatório e esteve realizando tratamentos por 10 anos em alguns serviços de saúde.

O paciente foi orientado a manter seu tratamento convencional e realizar concomitantemente dez sessões de acupuntura, duas vezes por semana, aplicando a técnica “Cercar o dragão” (as agulhas são colocadas ao redor da área em que se deseja o efeito terapêutico) na qual foram inseridas agulhas de tamanho 0,25 x 30mm ao redor da lesão e mantidas pelo tempo de 25 minutos. Utilizando a mesma punção foi possível trabalhar a técnica ação energética, pois os pontos VB35; VB37; VB39 do meridiano da Vesícula Biliar no membro inferior esquerdo era comum as duas técnicas. O paciente também foi orientado a usar diariamente por cima do curativo fechado, uma fita de magneto que possuí polo norte e polo sul no mesmo lado, para favorecer o reestabelecimento do fluxo sanguíneo, aumentar a taxa de metabolismo intracelular, melhorar a regeneração tissular e acelerar processos de cicatrização. Os dois polos  usados de forma combinada,  gera um campo magnético que possuí a propriedade de organizar e alinhar as fibras de colágeno de uma ferida em cicatrização, acelerando o processo e melhorando a resistência final da cicatriz.

As úlceras foram fotografadas e mensuradas, mantendo os pontos de referências utilizados na primeira sessão. Após o término das dez sessões realizou-se uma avaliação geral do progresso das feridas, do nível de dor referido pelo paciente e outros efeitos gerais relacionados ao tratamento proposto. Foi possível observar que houve melhora no processo de cicatrização durante o período, principalmente se considerar o tempo de 10 anos em que vem sendo tratado somente com os recursos da medicina ocidental.

Através da evolução das feridas é possível concluir que houve melhora da circulação sanguínea no local e que o uso da técnica de acupuntura associada a magnetoterapia são excelentes complementos para o tratamento das úlceras venosas.

Quanto a adesão do paciente ao tratamento, no início o mesmo estava um pouco apreensivo, porém, logo nos primeiros dias em que começou a sentir minimizar a dor e a perceber a diminuição do tamanho da ferida, houve uma mudança de postura e começou a retornar mais animado a cada sessão, disposto a receber e cooperar com o tratamento proposto.

As dez sessões inicialmente programadas, mostrou-se que não foi suficiente para cicatrizar completamente as feridas. Recomenda-se aumentar o número de sessões, adicionar pontos sistêmicos para auxiliar o tratamento, e lançar mão de outros recursos como a eletroacupuntura a fim de proporcionar o fechamento completo das lesões.

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