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Moxabustão no tratamento da onicomicose

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MARA REIS MARIUCCI

Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso, Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir Polloni – CETN

As onicomicoses, infecções fúngicas comuns nas unhas, tanto das mãos quanto dos pés, são responsáveis por 15 a 40% das doenças Ungueais e isto pode ser explicado por fatores como aumento da incidência de imunodeficiências e da idade da população, melhora da vigilância médica, e dos cuidados, tanto do médico quanto do paciente, em relação às unhas.

Entre certos grupos, como mineiros de carvão, pessoal das forças armadas, nadadores freqüentes, escolares, e desportistas, a prevalência das infecções fúngicas dos pés, entre elas as onicomicoses, podem ser, na realidade, muito mais elevada do que o observado em alguns inquéritos epidemiológicos realizados até agora. O uso de calçados fechados e/ou úmidos, a vida em comunidade, o andar descalço em banheiros públicos, e a freqüência de trauma, são fatores que influenciam essa elevada taxa de prevalência. Essas afecções cosmopolitas são recalcitrantes e ainda consideradas incuráveis por alguns autores. Com freqüência vistas como um problema meramente estético, negligenciadas em sua importância, de tratamento prolongado e resultados, em geral, desapontadores, tanto para o médico quanto para o paciente, as onicomicoses precisam ter seu real significado estabelecido de uma maneira categórica, ou seja, estão associadas a desconforto físico e psicológico e podem de modo significativo interferir com o bem estar e a qualidade de vida do paciente.

Este Trabalho de Conclusão de Curso teve como inspiração a dificuldade de encontrar um tratamento não invasivo para a onicomicose, além de remédios alopatas que podem, entre outras coisas, prejudiciar o fígado, e foi baseado em um estudo feito no HOSPITAL DE GOIÂNIA, e a resposta surpreendente à esta questão pode estar na técnica de moxabustão; Este trabalho visou estabelecer a eficácia do tratamento como recurso terapêutico, avaliando pacientes com onicomicose diagnosticada, tratados com moxabustão aplicada no mínimo 3 vezes por semana, durante 3 meses ou mais.

A maioria dos pacientes com onicomicose, tentam primeiramente remédios caseiros receitados por amigos. Se isso não resolve muitos nem chegam a ir a um médico, e se vão, primeiro tentam o tratamento tópico que em média leva 6 meses, se isso não funciona ou o paciente não volta ao médico, ou se volta, começa um tratamento com remédios via oral.

Nem todos os médicos tomam a precaução de perguntar ao paciente se este já teve histórico hepático. De qualquer forma, por serem os fungos muito resistentes, qualquer tratamento requer paciência e persistência. Em muitos casos, os pacientes simplesmente decidem conviver com o problema, muitas vezes mascarando-o através de esmaltes, quando ainda existe a unha.

A Moxabustão, como todos os outros tratamentos, requer ainda mais persistência, pelo tempo que se gasta com o tratamento: de 6 a nove meses ou mais, sendo a média de 1 a 2 anos de tratamento. Porem, este trabalho comprova que, com persistência, a eficácia é presente, pois, num período de 9 meses pode-se ver um bom resultado. A moxa é derivada da artemísia, que possui propriedades terapêuticas particulares (anti-febril, adstringente, antihemorrágica, desinfetante, e também vermífuga) (KIKUSHI, 1979). Ela tem o efeito de aquecer os Canais de Energia, de dispersar o Frio, regular a circulação de Sangue e da Energia, de recuperar o Yang, assim como de eliminar edemas e de desintoxicar. Estes efeitos são obtidos pelo calor da moxa que estimula os pontos e os Canais de Energia. (XI WENBU, 1993)

Na visão da MTC as unhas são influenciadas pelo Fígado particularmente o Sangue do Fígado) e consideradas o acúmulo do “excesso” dos tendões. Unhas normais devem ser lisas, ligeiramente abauladas, ligeiramente convexas, relativamente espessas e brilhosas. Unhas assim indicam um bom estado do Fígado e, particularmente, do Sangue do Fígado. (G.MACIOCIA, 2006). Elas estão sob a influência do Sangue do Fígado, que se estiver abundante, serão umedecidas e saudáveis; se o Sangue do Fígado estiver deficiente, as unhas não serão nutridas e se tornarão escuras, denteadas, secas e quebradiças. Se houver estase do Sangue do Fígado, as unhas ficarão escuras ou púrpuras. (G. MACIOCIA, 2007).

O Gan (Fígado) é o responsável pelo livre fluxo do Qi; quando o Fígado entra em desarmonia, pode ocasionar estagnação do Gan Qi e, consequentemente, do Canal de Energia do Gan, podendo ocasionar então, desde um simples deslocamento ungueal até formação de granuloma, como acontece em pacientes com a unha encravada do hálux. Este processo ocorre quando a desarmonia do Fígado lesa o Pi (Baço/Pâncreas) com geração de Umidade-Calor. Quando a desarmonia é preferencialmente do Gan (Fígado), ocorre alteração na face lateral da unha do hálux, ao passo que o acometimento preferencial do Pi (Baço/Pâncreas), manifesta-se no lado medial da unha do hálux.

Os espessamentos ungueais podem surgir quando a Umidade é muito importante. No caso da presença de Umidade-Calor, geralmente, a onicomicose acompanha-se de intertrigo, maceração ou umidade interdigital, além de queixas gástricas como gastrites. Isso provavelmente, ocorre quando ficam afetadas as funções energéticas de subida do Pi Qi (Energia Baço/Pâncreas) e de descida do Wei Qi (Estômago) pelo fato de a desarmonia do Gan (Fígado) estar estorvando o Pi (Baço/Pâncreas) e o Wei (Estômago). Neste caso, as unhas afetadas poderão ser a do primeiro e a do segundo dedos do pé. Por outro lado, estando a função de assimilação do tubo digestivo prejudicada, pode-se observar unhas fracas devido `a diminuição de ferritina, estoque de ferro armazenado no fígado. O Gan (Fígado) é o responsável pelo encerramento e conservação do Xue (Sangue) e, também, o responsável pelos hormônios femininos, por isso as alterações hormonais femininas ocasionadas pela desarmonia do Gan (Fígado) podem afetar as unhas. De modo geral, a deficiência do Gan-Yin (Fígado-Yin) pode ocasionar unhas fracas, ao passo que as estagnações do Gan-Qi, geralmente levam ao espessamento das unhas; no caso do Fogo do Gan (Fogo do Fígado) pode-se manifestar o descolamento ungueal. As estrias transversais das unhas que aparecem com o decorrer da idade tem relação com o Shen Qi (Energia dos Rins), em a matriz ungueal passa a produzir a unha de modo irregular, como se houvesse envelhecimento precoce das unhas. O tratamento de patologia ungueal consiste em tratar os padrões de desarmonia do Gan (Fígado), como estagnação de Qi e de Xue (Sangue), deficiências, Fogo do Fígado. Além disso, deve-se tratar a Umidade, Umidade-Calor ou Mucosidade quando estiverem presentes. Deve-se também, circular o Meridiano acometido e estimular o ponto Ting. (NAKANO & YAMAMURA, 2008)

A infecção fúngica mais comum é a tínea. A tinea unguium (das unhas) caracterizada pela separação da unha do leito ungueal, espessamento e fragilidade da unha, que se torna amarelada, e hiperceratose. Segundo Macioccia, do ponto de vista chinês, as infecções fúngicas são normalmente por Umidade, que pode estar combinada com Frio ou Calor, mas, mais frequentemente com Calor, e sempre ocorrem junto a um terreno de deficiência crônica do Qi do Baço.

Este estudo foi realizado em 2 pacientes, que utilizaram o bastão de Moxa diariamente com aplicação indireta, por 3 meses, de 2 a 3 minutos por aplicação. Como a onicomicose está relacionada com padrões do Fígado e Baço, assim como Umidade. A paciente 1 ( S.N.) utilizou a Moxa não só no local (segundo dedo) mas também nos pontos Ting do Hálux. Na paciente 2 (M.M.) após 3 meses houve a recuperação quase total da lâmina ungueal, porém notou-se que, após 3 ou 4 dias sem aplicação, o fungo tende a reaparecer, ou “criar força”, dando a impressão de que a infecção voltou da estaca zero (período entre outubro e dezembro). O tratamento continuou por mais 3 meses, desta vez sem interrupção, com adição de aplicação de óleo essencial de tomilho, com recuperação total da lâmina ungueal. Na paciente 1 o tratamento também foi interrompido devido a uma cirurgia de apêndice, e retomado após 15 dias. Também houve a recidiva da micose após a interrupção do tratamento. Em março a paciente começou a usar o óleo essencial de tomilho em adição à moxa.

Existe um estudo piloto de Moxabustão em onicomicoses que foi realizado no Hospital Geral de Goiânia – Hospital de Medicina Alternativa, o Material e o Método deste TCC foram iguais a este estudo. Todos os pacientes com onicomicose que participaram do estudo apresentaram cultura negativa ao final de 24 semanas de aplicação da Moxa. Nos primeiros 3 meses foi aplicada 3 vezes por semana, e nos últimos 3 meses, diariamente.

A melhor maneira de se tratar é o próprio paciente aplicando a moxa, na hora que for mais conveniente. É aconselhável aplicar a moxa após o banho, para secar a Umidade. Os outros tratamentos alternativos de uso tópico encontrados via internet ou de “boca”, são: óleo essencial de melaleuca, óleo essencial de tomilho, óleo de castanha de caju, própolis, vinagre de maçã, etc. Aparentemente não há estudo acadêmico sobre esses tratamentos.

Não podemos esquecer que quando tratando a onicomicose, os calçados devem ser higienizados com lysoform em spray, para evitar a re-contaminação.

O tratamento da onicomicose ainda é, apesar de todo avanço da medicina, um desafio.

Sabemos que o tratamento via oral pode prejudicar o Fígado, e a cura através desse tratamento também é a longo prazo. Não existe a cura a curto prazo. Portanto o ideal seria um tratamento alternativo e eficaz. No entanto a eficácia dos tratamentos alternativos não invasivos dependem da perseverança, persistência, paciência e determinação do paciente.

A moxabustão provou ser um tratamento alternativo não invasivo válido, como também barato, e que depende exclusivamente do próprio paciente, pois pode ser feito pelo paciente em casa, em horário de melhor conveniência. Outra vantagem é o fato do tratamento poder ser feito juntamente com outros, como por exemplo o uso tópico do óleo de melaleuca ou de tomilho, ou mesmo os dois juntos alternadamente. 

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