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Estudo de caso: Promovendo o alívio da dor no trabalho de parto e parto com o uso da acupuntura e magnetoterapia

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Giovana Müler Françani Fragoso

No Brasil as taxas de cesáreas chegam a 52% (MS 2010) o que ultrapassam atualmente em muito as recomendações da Organização Mundial de Saúde, que preconiza uma taxa máxima de 15% de cesarianas para qualquer país. Desde a década de 80 o fenômeno do aumento exagerado das indicações de cesarianas tem sido foco de atenção por causa do aumento da morbi-mortalidade materna e perinatal, dos custos associados com o procedimento e pela ausência de impacto nas taxas de perimortalidade (ANS 2008).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) oferece medidas para redução dessas altas taxas de cesárea, e que a mulher em trabalho de parto deverá ter suporte emocional e atenção à saúde com o mínimo de intervenções. Estamos longe, porém, de seguir essas recomendações, pois nosso modelo assistencial à saúde tem negligenciado os benefícios no processo fisiológico do nascimento, visto que a assistência ao parto normal, hoje, no Brasil, apresenta muitas lacunas em relação à qualidade.

Conforme Diniz e Chacham (2006), vários estudos procuraram entender porque as mulheres brasileiras preferem o parto cesárea ao parto vaginal, e mostram que a maioria das mulheres declara preferência pelo parto vaginal. No entanto, através da estimativa exagerada de risco fetal, ou a interpretação da dor materna como uma exigência de cesárea, bem como a consideração de suas agendas e conveniências, os médicos acabam decidindo pela cesárea apesar da vontade das mulheres, especialmente no setor privado. De forma geral os profissionais de saúde encontram dificuldades para lidar com a dor no trabalho de parto, que é percebida como um “sofrimento” contra o qual pouco se pode fazer. Esse modelo de assistência inadequada, que não oferece o suporte emocional e medicaliza em excesso a assistência ao parto, está no fato de que grande parte das rotinas adotadas aumenta a intensidade do processo doloroso e pouco ou nada é oferecido para o seu alívio.

A dor que as mulheres experimentam durante o trabalho de parto é afetada por vários fatores fisiológicos e psicossociais e sua intensidade pode variar muito. A maioria das mulheres em trabalho de parto querem alívio da dor. Estratégias para alívio da dor incluem intervenções não farmacológicas (que visam ajudar as mulheres a lidar com a dor no trabalho de parto) e as intervenções farmacológicas (que visam aliviar a dor do parto, contudo podem trazer riscos para a mãe e bebê).

Segundo Maciocia (2000) a acupuntura para o alívio da dor no parto era raramente usada na China, pois culturalmente o povo chinês esperava que suas mulheres tivessem a dor do parto. Para a cultura ocidental a relação que o oriental tem com a dor fica difícil de compreender e , como refere o autor, a mulher ocidental quer “livrar-se” da dor do trabalho de parto para ter um parto dito como confortável.

Segundo Martini JG e Becker SG (2009) a seleção da técnica mais adequada de analgesia deve considerar as seguintes condições: não produzir depressão em nenhum dos órgãos e sistemas da mãe e do concepto; não pode modificar a dinâmica do trabalho de parto; e as drogas anestésicas utilizadas não podem ultrapassar a barreira placentária. No início do novo milênio temos que reconhecer que ainda não dispomos, na medicina ocidental, de uma droga ou de uma técnica de analgesia ideal que reúna as características mencionadas para o adequado controle da dor obstétrica.

Os objetivos terapêuticos da acupuntura são definidos como a obtenção da analgesia, recuperação motora, normalização das funções orgânicas, modulação da imunidade, das funções endócrinas, autonômicas e mentais e ativação de processos regenerativos (Martini JG, Becker SG 2009). Daí decorre o interesse em intensificar as abordagens do alívio da dor por meio da acupuntura, por ser uma terapêutica que não traz nenhum prejuízo para mãe e bebê.

METODOLOGIA: A pesquisa realizada foi um estudo de caso de uma parturiente que aceitou participar da pesquisa, onde seria avaliado a utilização da acupuntura no trabalho de parto para alívio da dor. Foi solicitada a mulher participante que assinasse o termo de consentimento livre e esclarecido para a realização da pesquisa.
Local da Pesquisa: O estudo foi realizado no domicílio da mulher grávida, e foi respeitada a escolha da mulher quanto ao local do parto.
Aspectos Éticos: Fez parte da pesquisa a parturiente que concordou em participar do estudo, após apresentação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A participação foi totalmente voluntária, assegurando-se o direito de exclusão do estudo a qualquer momento, sem prejuízo ou interferência na assistência prestada.
Materiais e pontos utilizados:

Observação: Todos os pontos escolhidos foram baseados na literatura, sendo a utilização da moxabustão nos pontos IG4, B60 e B67 para corrigir a distócia e não para avaliar o nível da dor

Coleta de Dados: Os dados deste estudo foram coletados pela própria pesquisadora, no período de julho a setembro de 2011, sendo que os dados de acupuntura foram anotados no prontuário da mulher pesquisada. No prontuário constaram os dados de pré-natal, parto e pós-parto da mulher pesquisada e os mesmos foram preenchidos no pré-natal e após o término do parto.

O prontuário está dividido em:

DESCRIÇÃO DO ESTUDO DE CASO

Pré-Natal: Para a Medicina Tradicional Chinesa a gestação é um momento de plenitude do Yin realizando sua mais importante função: dar forma a forma, gerar, produzir a matéria (Campiglia 2010).

Gestante N.V.O de 34 anos, casada, branca, biomédica, G1P0A0 (primeira gestação, nenhum parto e nenhum aborto), com DPP (data provável do parto) para 23 de setembro de 2013. Referiu que desde o inicio da gestação tinha desejo de realizar parto normal, indo à busca de informações, participando de grupos de orientação à gestante. Por volta das 28 semanas o casal decidiu realizar parto domiciliar, porém ainda com muitas dúvidas, onde fui procurada para que pudesse acompanhar e orientá-los com relação ao parto domiciliar.

Fez uma consulta de Pré-natal com a pesquisadora, que é enfermeira obstetra, com 30 semanas de gestação, apresentando um pré-natal de baixo risco, pois vinha realizando consultas de pré- natal com um obstetra desde o 1º mês de gestação, onde não apresentava nenhuma alteração, sendo este um dos critérios para que a mulher possa ter seu bebe em casa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) dentro classificação das práticas comuns na condução do parto normal na CATEGORIA A: Práticas demonstradamente úteis e que devem ser estimuladas: deve-se ter respeito à escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações, sendo baseada em evidências científicas.

Largura (2000) diz: Os pais que fazem a escolha de dar à luz em casa não são contra a tecnologia, mas acreditam que ela tem o seu lugar nos casos considerados excepcionais. Estão prontos a procurar um hospital quando um problema real se apresenta. Não é uma escolha fácil de ser tomada, pois, são frequentemente objeto de pressões familiares, preconceito da sociedade provocando efeitos por vezes profundamente negativos. São muitas vezes obrigados a esconder o tipo de parto de familiares e amigos. A Gestante relatou que a gestação não foi planejada, que não tinha se preparado psicologicamente para ser mãe, mas quando ficou sabendo que estava grávida, a mesma foi bem desejada pelo casal. Ela estava realmente sofrendo pressões familiares, pois a maioria das mulheres da família tinha realizado cesárea, o que a deixava angustiada e começou a fazer terapia para que pudesse levar a sua decisão de ter parto domiciliar com tranquilidade.

Segundo o Campiglia (2010) mulheres desacostumadas a escutar seu corpo e a confiar em seus instintos, rodeadas de outras mulheres que não passaram pela experiência do parto normal, parecem “desaprender” a serem conduzidas pelo seu próprio corpo.

A autora acima ainda relata que a espera e a paciência, são atributos do Yin, e que essas qualidades são opostas as demandas do mundo atual. Os meios de comunicação, tais como celular, email, mídia e internet, e as demandas de produtividade e competitividade tornaram necessárias respostas rápidas e até imediatas aos chamados e as requisições externas. Mais uma vez, a mulher se depara com a incapacidade de cumprir essas exigências mínimas da natureza (espera e paciência) e, como resultado desse desajuste torna-se ansiosa. A gestação passa a ser vivida com angústia e como um incômodo que “já vai passar”, e não mais como um convite a um mergulho nas mudanças profundas que ocorrem no corpo e na alma dessa mulher.

Trabalho de Parto: Após a decisão do casal de que teriam um parto domiciliar, a gestante deu continuidade ao pré-natal com a pesquisadora até o final da gestação, apresentando ruptura da bolsa das águas no dia 21 de setembro de 2013 às 04h20min, com idade gestacional de 39 semanas e 5 dias. A gestante comunicou a equipe, porém como o líquido estava claro, ainda estava sem contrações e com boa movimentação fetal, foi orientada a descansar e voltar a dormir, pois o trabalho de parto poderia demorar, sendo que no parto humanizado é respeitado a fisiologia de cada mulher, e para isso deixamos a mulher mais à vontade com seu próprio corpo e sua intimidade, com isso aumentando as chances de sucesso de um parto normal, sem intercorrências.

Conforme Colacioppo (2012) o parto é um evento fisiológico, porém nos dias de hoje, vemos um crescente número de intervenções desnecessárias na assistência à parturiente. Para a mulher, a experiência da parturição é um momento único na vida e, como profissionais de saúde e cuidadores devemos proporcionar condições para que esse evento ocorra de forma fisiológica e seja uma experiência humanitária, significativa e enriquecedora.

Para a medicina chinesa se o Qi for correto e o sangue circular bem, o parto será harmonioso. A harmonia dos cinco sentidos e dos Zang-Fu contribui ao equilíbrio do Qi e do Sangue e condiciona o bom desenvolvimento do parto (Auteroche 1987).

Às 9h da manhã parturiente começou a apresentar contrações espontâneas, sendo que por volta das 12h00min estava entrando em fase ativa, isto é, com 3 contrações em 10 minutos, apresentando-se muito tranquila e bem comunicativa. Às 13h50min queixou que as contrações estavam mais fortes, sendo examinada e apresentando 7cm de dilatação, com colo médio e apresentação cefálica alta (Delee -3/-2), referindo que a dor estava com nota 07 na escala numérica (sendo zero ausência de dor e 10 uma dor insuportável).

A escolha dos pontos de acupuntura: Após a avaliação foram colocados os pontos selecionados de acupuntura, iniciando pelo ponto de abertura do vaso Maravilhoso Yin Wei Mai CS6 à direta com agulha 0,20×15 e como fechamento o ponto acoplado BP4 à esquerda com agulha 0,20×15, sendo retiradas as agulhas após vinte minutos de aplicação.

A escolha pelo uso do Vaso Maravilhoso Yin Wei Mai é que segundo Maciocia (2007) suas aplicações clínicas são: nutrir o sangue e Yin, fortalecer o coração e acalmar a mente. Como já foi citado anteriormente para que o parto ocorra harmoniosamente tem que haver um equilíbrio de Qi e sangue, porém sabemos que a mulher no trabalho de parto e parto pode também apresentar problemas emocionais que afetam o desfecho final do mesmo, isto é, o parto é instintivo e emocional. O medo leva a tensão que com isso faz aumentar o nível de dor, conhecida como a tríade: medo, tensão e dor.

Não existem estudos de acupuntura que falem sobre o uso do vaso maravilhoso Yin Wei Mai no trabalho de parto para tratar o emocional, porém quis fazer este experimento.

O uso do magneto: A utilização da magnetoterapia foi escolhida para poder dar a mulher liberdade de movimento no momento do trabalho de parto, pois a maioria das mulheres fica com medo de se movimentar enquanto estão com as agulhas de acupuntura.

A magnetoterapia, segundo Souza (2005), é um sistema único de restabelecimento da saúde por meio da aplicação externas de magnetos permanentes ou eletromagnetos nas áreas afetadas ou extremidades do corpo.

O polo norte tem uma ação inibitória, podendo controlar, por exemplo, o desenvolvimento e a proliferação de células bacterianas. O polo sul, por sua vez, irradia energia e força, fornece calor para a área afetada, reduz a inflamação e alivia as dores no corpo (Sosa Salinas & Ramos González, 2000).

Conforme Tano e Lopes (2013), uso dos magnetos bipolares estáticos de 1000 G durante 30 minutos tem mostrado resposta na redução da intensidade das dores musculoesqueléticas quando utilizada em face norte acoplada na pele.

Foi colocado o super-imã no polo Sul (tonificação) em BP6, este ponto tem o efeito de fortalecer baço e estômago, eliminar umidade, nutrir o sangue e o yin, regular a menstruação, estimular o trabalho de Parto, regular micção, beneficiar as genitálias, harmonizar o triplo aquecedor inferior e tranquilizar o Shen (Focks e März, 2008). Auteroche (1987) diz que BP6 é o ponto de reunião dos 3 meridianos Yin da perna, comanda o sangue.

O ponto ashi coincidiu com VC2 onde foi aplicado super-imã na face norte (sedação), sendo que sua função, segundo Focks e März (2008) é auxiliar na micção, aquecer o Yang, fortalecer o rim e regular o triplo aquecedor inferior, porém foi utilizado como sedação local da dor, sem relacionar com as suas funções. O ponto VC2 foi usado em um trabalho chinês, segundo Jiao Guorui citado por Auteroche (1987) como um dos pontos complementares para um parto sem dor usado com agulha em dispersão.

Segundo a parturiente após a realização da acupuntura a dor permaneceu com nota 7, sendo que após 4 horas da aplicação da acupuntura por volta das 17:30h a dor havia aumentado para 8, então foi reavaliada a dilatação do colo uterino que apresentou só 0,5 cm de diferença do primeiro exame, estando com 7 para 8cm de dilatação, colo médio, mantendo posição cefálica alta. Neste momento foi retirado o ponto de sedação em VC2 e mantido somente BP6 em tonificação, pois o mesmo estimula o trabalho de parto.

A escolha de Pontos para corrigir a distócia: Para Auteroche (1987) a patologia do parto (distócia) é denominada pela desarmonia de Qi e de Sangue. Duas síndromes estão na base:
– Fraqueza e Vazio do Qi e do Sangue.
– Estagnação do Qi e do Sangue que evolui para acúmulo de sangue.

Segundo Auteroche (1987), a estagnação do Qi e do sangue pode embaraçar a descida normal do feto, que permanece alto. Para o autor as etiologias da estagnação do Qi e do sangue são:
– perturbações nas sensações: paciente amedrontada e bloqueada pelo parto, primípara ansiosa demais e tensa demais;
– Faz muito frio durante o parto. O Qi e o sangue estagnam sob o efeito do frio.

O autor indica como tratamentos pontos para regularizar o Qi, vivificar o sangue e expulsar a estagnação, sendo que escolhi alguns deles, como IG4 e BP6 que regulariza o Qi e desfaz a estagnação, B67 facilita o parto e acerta a posição da cabeça e B60 que faz o bebê descer. Estes pontos foram aplicados com moxa.

O uso da Moxa: Sabemos que a moxabustão é uma técnica milenar chinesa que visa prevenir e tratar doenças pelo aquecimento de pontos de acupuntura através da queima de ervas medicinais. A erva mais utilizada é a Artemísia vulgaris, que possui sabor amargo e picante, produz calor penetrante e sua natureza é Yang, removendo assim a obstrução dos canais de energia e regula a circulação de Qi e Xue e, por esse motivo, é empregado também no caso de estagnação sanguínea e do Qi (Focks e März 2008).

Um estudo realizado por Cardini e Weixin (1998) mostra o benefício da utilização da moxabustão no ponto B67 entre primigestas com apresentação pélvica Durante a 33ª semana de gestação, sendo utilizadas por 1 a 2 semanas, apresentando aumento da atividade fetal durante o período de tratamento e apresentação cefálica após o período de tratamento e no momento do parto.

Outro estudo realizado por Colaccioppo (2012) nos mostra um aumento da intensidade e número das contrações uterinas com o uso da acupuntura e moxabustão principalmente no ponto B67, onde ocorreu o correto posicionamento da cabeça fetal. Desse modo o posicionamento da cabeça fetal adequada contribuiu para abreviação do período expulsivo do parto, isto é, para o nascimento do bebe.

Desfecho do Parto: Às 20h30min foi realizado toque vaginal novamente, e parturiente apresentava 9 cm de dilatação, colo fino, com apresentação cefálica em De Lee +1. Houve correção, pois a dilatação aumentou e a cabeça do bebê desceu. Às 22h00min foi reavaliada novamente, mantendo 9cm de dilatação, com colo espástico, sendo diagnosticado parada de progressão do trabalho de parto. O colo espástico nos mostra o medo da mulher. Parturiente começou a verbalizar que estava com medo e não queria fazer força para o bebê nascer, dizendo que o medo tomou conta dela, sendo transferida para o hospital onde foi realizada anestesia de parto (raquianestesia), apresentando dilatação total logo após ter recebido anestesia que evoluiu rapidamente para Parto normal, mesmo não sentindo as dores da contração, quando pedíamos pra ela fazer força, a mesma verbalizava que estava com medo.

Muitas mulheres hoje em dia não querem vivenciar o processo do parto devido à dor, embora a parturiente já tivesse passado por praticamente todo o processo do trabalho de parto. A dor do parto faz parte de um processo enriquecedor que dará a mulher um poder ilimitado e maturidade. A dor do parto é “boa”, isto é, fisiológica e não patológica.

Segundo Figueiró (2000), cada dor é uma dor diferente, sentida por pessoas diferentes. Por isso, ela deve ser respeitada e adequadamente avaliada para que possa ser realmente tratada.
Jones (2012) em seu livro Entre as orelhas diz: – De que dor mesmo estamos falando? Da dor da passagem de um feto pelo canal vaginal ou da dor de, sendo trespassada por um nascimento, tornar-se mulher, amadurecer e passar para outra fase da vida?

O autor acima ainda continua dizendo: – Estamos inseridos em uma cultura de adolescentes. Em vez de jovens desejarem uma vida madura, os adultos é que insistem em permanecer crianças. Rejeitamos a dor, mas também o esforço, a dedicação, o crescimento e o amadurecimento. Não é a dor de parir que tanto evitamos; é a dor de crescer.

DISCUSSÃO: A dor que as mulheres experimentam durante o trabalho de parto é afetada por vários fatores fisiológicos e psicossociais e sua intensidade pode variar muito. A maioria das mulheres em trabalho de parto querem alívio da dor.

Neste estudo a dor emocional aflorou muito mais do que a dor física, pois a parturiente passou por quase todo o processo de trabalho de parto suportando bem a dor, e quando ela precisava fazer o que seu corpo estava pedindo, que era empurrar o bebê, a mesma dizia que estava com muito medo e que esse medo era maior que a dor, mesmo estando anestesiada.

Há necessidade de realizar mais estudos para a utilização do vaso maravilhoso Yin Wei Mai (CS6 – BP4) durante o trabalho de parto, pois não foram encontradas evidências científicas relacionadas. Talvez uma emoção que deveria ser contida no trabalho de parto, com o uso da técnica acabou aflorando. O ideal realmente é que as gestantes realizem acupuntura durante o pré-natal, pois Campiglia (2010) relata que o grande primeiro foco da acupuntura na gestação é promover o aumento do Qi e do Jing da gestante. Segundo a MTC, as maiores fontes de perda de energia na vida de uma mulher são a gravidez, o parto e a amamentação. E na medida em que a gestação prossegue sem maiores intercorrências, a acupuntura pode ser aplicada também para o bem-estar da mãe, ajudando-a no reconhecimento das constantes mudanças físicas e psíquicas que acontecem intensamente semana a semana. Com isso busca corrigir alguma deficiência de base ou algum excesso energético que atrapalhe o equilíbrio dinâmico materno-fetal.

No pré-natal ela havia relatado que a gestação não havia sido planejada, que foi uma surpresa. Será que ela estava realmente preparada para ser mãe? Como diz Jones (2012) em seu livro: Não é a dor de parir que tanto evitamos; é a dor de crescer.

A acupuntura é efetiva na medida em que redistribui e normaliza a corrente energética em nosso organismo, recuperando a circulação normal. Sendo assim ela traz benefícios quando usada durante a gestação e no trabalho de parto, tanto para alívio da dor física como da dor emocional.

CONCLUSÃO: Para a cultura ocidental a relação que o oriental tem com a dor fica difícil de compreender e a mulher ocidental quer “livrar-se” da dor do trabalho de parto para ter um parto dito como confortável.

Muitas mulheres hoje em dia não querem vivenciar o processo do parto devido à dor. A dor do parto faz parte de um processo enriquecedor que dará a mulher um poder ilimitado e maturidade. A dor do parto é “boa”, isto é, fisiológica e não patológica.

De que dor mesmo estamos falando? Da dor da passagem de um feto pelo canal vaginal ou da dor de, sendo trespassada por um nascimento, tornar-se mulher, amadurecer e passar para outra fase da vida?

Se o Qi for correto e o sangue circular bem, o parto será harmonioso, sendo assim o uso da acupuntura para analgesia no trabalho de parto e parto é sedativa e não traz prejuízos para a mãe e seu bebê, além de manter esta harmonia.

Sabemos que a mulher no trabalho de parto e parto pode apresentar problemas emocionais e físicos que afetam o desfecho final do mesmo, isto é, o parto é instintivo e emocional. Traumas, desejos e emoções afloram durante o trabalho de parto e métodos alternativos como a acupuntura, o apoio emocional e físico são necessários na assistência à mulher no parto.

O emocional também deve ser trabalhado com acupuntura já na gestação, para que se mantenha um equilíbrio dinâmico materno-fetal, fazendo com que a mulher passe pelo processo do trabalho de parto com mais controle e tranquilidade. 

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