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Atuação da Acupuntura em Paciente Diagnosticada com Síndrome do Pânico – um Estudo de Caso

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Baseado no TCC da aluna Carla Robatini

Para muitos estudiosos, conceituar a saúde mental de um indivíduo é uma tarefa complexa e que envolve suas vivências, para Costa (2002), a saúde mental, está diretamente relacionada com o bem-estar subjetivo, a percepção da própria eficácia, a autonomia, a competência, a dependência integracional e a auto realização das capacidades intelectuais e emocionais. Os transtornos mentais em muitas vezes foram vistos como um desvio em relação a um padrão de comportamento preestabelecido, do que seja normalidade, tanto pela sociedade em geral, como pela ciência.

Considerando assim desviante, a solução historicamente foi contê-los, institucionalizando-os, destruindo os canais de comunicação com familiares, emprego, dificultando sua reintegração na sociedade (BRASIL, 2002). Segundo Talbott et al (1992, p. 156-158), “síndrome do pânico é caracterizado por períodos de ataques que podem surgir em qualquer momento do seu dia-a-dia, onde apresentarão e experimentarão o início súbito de medo, terror, apreensão e uma sensação de morte iminente”. Podendo também aparecer de forma lenta e insidiosa, com sentimentos genéricos de tensão e desconforto nervoso, ou pode surgir de forma brusca anunciada pela erupção abrupta de ataques de ansiedade aguda (KAPLAN, 1984).

Estes ataques podem estar ou não associados com agorafobia, que segundo Almeida, (2006, p. 133-134), “é o medo inesperado de sair ou de estar em locais públicos ou em locais fechados”. Para se definir como um ataque do pânico é preciso pelo menos quatro dos seguintes sintomas:

tontura, sensação de insegurança, ou desmaio;

palpitações ou frequência cardíaca acelerada (taquicardia);

Tremor, calafrios;

Sudorese; Sufocação;

Náuseas ou dor abdominal;

Despersonalização;

Rubor;

Dor ou desconforto torácico;

Medo de morrer;

Medo de ficar louco ou de fazer alguma coisa descontrolada.

A incidência desta síndrome, de acordo com Griesi (2006), acomete 3% a 4% da população mundial, na maioria jovem, na faixa etária entre 21 a 40 anos, sendo observado um grau de incidência de três mulheres para cada homem. Há também casos incomuns, um pequeno número de casos pode ter início na infância ou após os 45 anos.

SÍNDROME DO PÂNICO NA VISÃO ORIENTAL

Os Fatores de doenças são os fatores precipitadores associados com a origem da doença, enquanto, o Padrão de Desarmonia é o complexo de mudanças patológicas internas e externas associado com os fatores de doenças que provocam o desequilíbrio na interação entre o corpo e o meio ambiente; e o corpo é a base para a vida física, emocional, mental e espiritual, e está baseado em uma estrutura organizacional, formada pelas Substâncias, Canais e Colaterais (Jing Lou), Órgãos e Vísceras Zang Fu) e pelos Tecidos (ROSS, 1994). Na Medicina Tradicional Chinesa não existe separação entre mente, corpo e espírito. Não há classificação de doenças ou distúrbios exclusivamente psicológicos ou psiquiátricos (YAMAMURA, 2001). De acordo com Campiglia (2004), fenômenos como a ansiedade são sintomas de distúrbios de outra ordem. Baseado no princípio chinês em que corpo mente e espírito não se dissociam e na relação entre os cinco principais órgãos do corpo (coração, baço-pâncreas, pulmão, rins e fígado) a ansiedade é causada por uma perturbação do sistema do coração. Uma desarmonia em um dos cinco órgãos, ocasionará automaticamente um desequilíbrio nos aspectos mentais e espirituais desses órgãos, chamados respectivamente de shen, hun, po, yi e zhi (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).

Para Campiglia (2004), a ansiedade é um sintoma de desequilíbrio considerada um distúrbio do shen, que significa espírito. Para os chineses, o espírito reside no coração. Esse espírito não fica preso no coração, mas circula por todo o corpo, garantindo a vitalidade e a consciência, regulando o humor e a sensação de bem-estar no mundo, como ressalta o autor: O Shen aloja-se no coração. O coração é o órgão que funciona como receptáculo das funções ativas da consciência, ele abriga ou expressa sentimentos, emoções, desejos mais profundos, imaginação, intelecto e memória dos eventos passados. O coração, para a MTC, é o grande sintetizador, o ampliador das emoções, é ele quem leva a energia psíquica para o cérebro através da corrente sanguínea, sendo considerado o Imperador, pois as outras funções (rim, fígado, baço – pâncreas e pulmão) são os ministros a serviço do Imperador (BREVES, 2001).

Como um copo ou cálice, o coração contém o sangue e o Shen, que são seu conteúdo, seu vinho sagrado. Ou seja, ao se alojar no coração, o Shen não está em lugar fixo, mas circula como sangue nos vasos. Ele está em todo o corpo, pois o sangue dos vasos irriga tudo, da pele aos olhos. O Shen é, portanto, uma atividade dinâmica que está na essência do coração. Adquire-se e desenvolve-se a consciência interagindo com o mundo e com os próprios órgãos e o Shen está presente em cada um deles (CAMPIGLIA, 2004:92).  Ross (1985) explica o sentimento de cada órgão: Os Rins citados nesse estudo por ter relação com o sentimento medo, estão fortemente ligados à autopreservação, à vontade ou ao desejo de viver e dependendo do grau de estímulo de pavor e terror pode ocorrer uma perda temporária do controle de evacuação e micção, perda da mobilidade, paralisia ou tentativa de fuga.

Segundo Ross (2003), o surgimento de distúrbios de ansiedade está relacionado constantemente a um desequilíbrio entre os sistemas do coração e do rim: A ansiedade do coração está baseada no medo do rim, com sentimentos característicos de apreensão, do medo de que algo terrível aconteça. A ansiedade pode então vir combinada de sobressaltos e receio, com sinais físicos como tremor, frequência urinária ou intestinos soltos (ROSS, 1994). A ansiedade é o resultado de um distúrbio do Shen, é um sintoma que indica que o espírito não está conseguindo se mover de modo adequado pelo corpo, o autor afirma então, que na perspectiva chinesa, existem pelo menos três tipos diferentes de ansiedade, de acordo com a situação que a originou: ansiedade por excesso; ansiedade por estagnação e ansiedade por deficiência (ROSS, 1994). Para Ross (1994), ansiedade por excesso onde o fogo fleuma do coração é uma forma de excesso que pode levar a ansiedade e à confusão de pensamento, linguagem e comportamento.

Por fim, segundo Ross (1994) os ataques de pânico são uma forma específica de intensa ansiedade que ocorre subitamente em resposta a um estímulo específico: um encontro importante, ou uma situação fóbica como a de um espaço apertado ou um supermercado repleto de gente. O ataque pode surgir de repente sem qualquer sinal de aviso, especialmente se a situação que precipitou o ataque não era esperada, ou numa situação aguardada, quando houve um acúmulo de ansiedade antes do acontecimento. Os sintomas incluem sensação crescente de ansiedade, que alcançam proporções de pânico, hiperventilação, palpitações, transpiração profusa, tontura e talvez desmaio. É comum haver um intenso desejo de sair daquela situação causadora, se a pessoa consegue isso, normalmente se sente melhor, embora a sensação de ansiedade e pânico possa perdurar por vários dias (ROSS, 1994).

A TÉCNICA SHU ANTIGO

O nome chinês para esses pontos é “shu”, que é quase o mesmo caractere referente aos pontos do Transporte Posterior, que significa “transporte”. Para ilustrar a natureza desses pontos, os antigos chineses comparavam a seção do canal entre os dedos das mãos e os dedos dos pés e cotovelos e joelhos a um rio, iniciando-se no ponto “nascente”, na ponta dos dedos das mãos ou dos dedos dos pés, tornando-se gradualmente maiores e mais profundos, finalizando no “ponto mar” nos cotovelos ou nos joelhos. Assim, a partir dos dedos das mãos e dos dedos dos pés até os cotovelos e joelhos, há uma progressão de tamanho e profundidade do canal: esse é mais estreito e superficial nos dedos das mãos e nos dedos dos pés, sendo mais largo e profundo nos cotovelos e nos joelhos.

É importante observar que essa progressão de tamanho e profundidade do canal é independente da direção do fluxo do canal, ou seja, aplica-se igualmente aos canais Yin e os Yang, tanto das pernas como dos braços. Embora os canais Yin das mãos tenham fluxo descendente em direção aos dedos e os canais Yang das mãos apresentem fluxo ascendente em direção ao tórax, a comparação do canal a um rio, com sua nascente nos dedos e seu delta nos cotovelos aplica-se igualmente a ambos. Exatamente o mesmo é aplicado aos canais das pernas.

A implicação disso é que a seção do canal entre os dedos das mãos e os dedos dos pés e cotovelos e joelhos é mais superficial que o resto, sendo essa uma das razões para a importância dos pontos localizados ao longo de seu trajeto. A ação energética dos pontos situados, ao longo dessa seção do canal, é muito mais dinâmica do que a dos outros pontos e, isso explica seu uso frequente na prática clínica. Pode-se praticar a Acupuntura utilizando-se somente esses pontos. Como temos percebido diversas vezes, o efeito do F3 (Taichong) é muito mais dinâmico do que o F10 (Wuli) ou F11 (Yinlian) (situados nas coxas).

Outra implicação do fato da seção do canal entre os dedos das mãos e os dedos dos pés e cotovelos e joelhos ser mais superficial ocorre pelo fato de que essa seção representa a conexão entre o organismo e o meio ambiente. Essa seção do canal mais rápida e diretamente influenciada pelo clima e pelos fatores patogênicos exteriores. Por essa razão, os pontos ao longo dessa seção estão mais diretamente relacionados às estações e podem ser utilizados de acordo com o seu ciclo. Por essa mesma razão, os pontos ao longo dessa seção do canal são os pontos de entrada dos fatores patogênicos exteriores, tais como Frio, Umidade e Vento.

Outra razão para esse dinamismo dos pontos dessa seção do canal é que na ponta dos dedos das mãos e dos pés a energia muda a polaridade do yin para o yang ou vice-versa. Por causa dessa mudança de polaridade, o Qi do canal é mais instável e, portanto, mais facilmente influenciado.

Embora normalmente digamos que essa mudança de polaridade ocorra nos dedos das mãos e dos pés, ela não acontece imediatamente em um único ponto e a inércia de um canal em sua terminação segue até certo nível através do próximo canal, ascendendo para o cotovelo ou joelho. Por exemplo, o canal do Pulmão termina na ponta do polegar onde a polaridade muda para yang e a energia flui para dentro do canal do Intestino Grosso. Todavia essa mudança da polaridade do yin para o yang não ocorre instantaneamente em um ponto da ponta dos dedos, mas a inércia do canal do Pulmão é, até certo ponto, realizada na seção inicial do canal do Intestino Grosso. Isso pode ser comparado ao encontro de dois rios: quando dois rios largos se encontram, eles não se fundem logo no ponto de junção, mas com frequência a corrente de um rio segue fluindo independentemente dentro do segundo por algum tempo. A progressão dos pontos dos Cinco Elementos, ao longo do canal está provavelmente relacionada à mudança de polaridade, já que o segundo ponto pertence ao Fogo no canal yin e a água no canal yang. Isso pode acontecer porque o segundo ponto representa o ponto no qual a inércia de um canal sucessor é mais sentida e se manifesta. Por exemplo, o movimento inercial do canal do Pulmão continua dentro do canal do Intestino Grosso principalmente no segundo ponto ao longo do canal que, todavia, pertence a Água, refletindo o caráter yin do canal do Pulmão. Similarmente, o segundo ponto dos canais yin pertence ao Fogo refletindo a inércia dos canais yang sucessores. Dessa forma, o segundo ponto ao longo do canal representa o ponto da inércia máxima de um canal anterior após o que a inércia torna-se menor e desaparece totalmente no quinto ponto ao longo do canal. Isso explica particularmente o estado instável da energia nessa seção do canal. Essa instabilidade e outra razão que justifica o dinamismo dos pontos ao longo do canal, sendo útil na prática. Três razões para o dinamismo de pontos no final / início de um canal são:

1. O canal é mais superficial

2. Existe uma mudança do yin para o yang ( e vice-versa)

3. O segundo ponto está em contraste com a polaridade do canal (Água para o canal yang e Fogo para o canal yin)

TIPO DE PESQUISA

Esta é uma pesquisa qualitativa (GIL, 1996), exploratória, descritiva e experimental (GIL, 2007). A pesquisa será realizada através de um estudo de caso.  Descrição da paciente tratada por meio da acupuntura com a técnica Shu Antigo. 

O Paciente objeto deste estudo foi uma mulher, de 25 anos, solteira, residente de Indaiatuba. Quanto à profissão, é comissária de bordo. Relata que sofre uma pressão grande no trabalho, muita cobrança e estresse. Há 3 meses relatou que durante o vôo sentiu uma palpitação forte, medo e muita falta de ar. 

Algodão e álcool setenta por cento para assepsia do local que foram aplicadas as agulhas.  As agulhas utilizadas eram do tamanho 25×30.

METODOLOGIA:

Antes de iniciar o tratamento, foi aplicado a paciente um questionário a fim de conhecer a história da paciente, assim como conhecer seus gostos e preferências para chegar a um diagnóstico energético correto e aplicar a técnica mais precisamente, e assim conhecer a história da doença da paciente. Posteriormente foi realizado o diagnóstico energético.  Neste mesmo momento, foi realizada a inspeção na paciente, observando o aspecto geral do corpo, a língua e o pulso como auxiliares na finalização do diagnóstico energético.

Foram cinco sessões, com duração de aproximadamente cinquenta minutos, com a frequência de uma vez por semana. 

Após o término do tratamento a paciente durante os cinco meses seguintes foi submetida aos questionários afim de monitoramento dos sintomas para comprovar a eficácia da técnica.

Com relação ao desequilíbrio energético apresentado pela paciente se fez necessário fortalecer um elemento que está enfraquecido, que é o elemento Terra. Conforme o Ciclo Shen, ou ciclo de Geração, devemos tonificar a mãe, já que o filho está enfraquecido (YAMAMURA,2001). O elemento mãe do elemento Terra é o Fogo e o órgão relacionado a este elemento é o Coração.

Para tonificar a Terra, devemos tonificar o ponto elemento mãe no próprio meridiano nesse caso é o ponto BP2. E também para reforço o elemento do meridiano da própria mãe que é o CS8 em tonificação também. Atécnica é aplicada exige que os pontos sejam aplicados bilateralmente, ou seja, do lado esquerdo e direito da paciente, num total de quatro agulhas.

RESULTADOS

 A Paciente nesse estudo foi avaliada semanalmente pela sintomatologia e pulsologia.  Para validar os sintomas, classificamos os sintomas mais intensos como = 8 ,9 e 10, os sintomas mais moderados = 4 ,5 ,6 e 7, mais leves = 1, 2 e 3, e sem queixa consideramos 0.  A partir da terceira semana, a paciente relatou melhora significativa nos sintomas, onde na avaliação do pulso apenas o Coração teve alteração de Excesso para Normal, porém os demais sinais não foram perceptíveis, mesmo a paciente relatando melhora nos sintomas.

 Após a aplicação da técnica a paciente foi submetida aos questionários uma vez por mês durante os cincos meses seguintes para verificar a eficácia da técnica, onde foi observado que os sintomas de dores no estômago, cansaço e fezes amolecidas tiveram reincidência. A paciente sentiu palpitações, falta de ar e medo, porém numa menor intensidade.

DISCUSSÃO

A Ansiedade na medicina ocidental, não é considerada um fenômeno necessariamente patológico, é entendido, como uma função natural do organismo, se preparando para uma situação nova, mas atingindo graus elevados é considerada prejudicial ao organismo, denominada Síndrome do Pânico (Picolli Silva, 2010). Confirmando esse conceito, para Ballone (2008), o estresse e a ansiedade não são doenças em si, mas podem proporcionar o desenvolvimento de outros males, é necessária uma disposição pessoal para ser afetado patologicamente pelo estresse, isso seria o resultado dos traços pessoais de personalidade e da qualidade psíquica da pessoa que se estressa. Daí o caráter individual de um tratamento para o estresse e a necessidade de um diagnóstico específico para o caso, pois cada qual apresentará sintomas e queixas variados, tanto físicos como emocionais. A ansiedade não é um termo aplicável à Medicina Tradicional Chinesa, não há descrições de tratamento para Síndrome do Pânico, na MTC, visto que não existe separação entre mente, corpo e espírito. Considerando então a Síndrome do Pânico como sintoma de um desequilíbrio energético, principalmente nos aspectos espirituais (Shen) do paciente e estaria relacionado com o Coração (morada do Shen), segundo Picolli Silva ( 2010).

No entanto para Lemos (2010), no estresse, além do Coração, também há um forte envolvimento do Fígado e da Vesícula Biliar, pois ambos influenciam na determinação, julgamento e coragem, relacionando a ansiedade à situações novas e desafiantes. São associados os sintomas do estresse (estado de tensão física e emocional, dores musculares, fadiga) como sintomas dos desequilíbrios do Coração e da Vesícula Biliar.

Os estudos de Lemos (2010) e Picolli Silva (2010) foram exceções, quanto ao diagnóstico do desequilíbrio energético, relacionado ao estresse. Doria (2010) afirmou que em seu estudo clínico, foram feitos ambos os diagnósticos, ocidental e da MTC, nos participantes do estudo, mas não foram especificados os desequilíbrios energéticos encontrados, somente foram citadas as queixas e sintomas principais. A maioria dos estudos pesquisados, não fez relações entre a causa e os efeitos do estresse, não há registros de diagnósticos pela Medicina Tradicional Chinesa, mesmo aqueles que não eram revisão de literatura e sim estudos clínicos como: Penã e Vidal, (2008) e Kurebayashi et al (2012) .

Alguns estudos afirmaram que seus pacientes tinham um diagnóstico da medicina ocidental do Síndrome do Pânico (Penã e Vidal, 2008), outros, citaram o estresse como a causa de uma queixa específica, sendo esta queixa, o objetivo principal do estudo, por exemplo, a insônia (Silva Filho e Prado, 2007) ou a disfunção da articulação temporomandibular (Florian, Meirelles e Souza, 2011). A maioria dos estudos pesquisados, somente afirmaram a existência da Síndrome do Pânico e que se utilizaram da acupuntura como terapia alternativa para tratar sua sintomatologia, comprovando a melhora dos sintomas, assim como diminuição dos níveis de estresse dos pacientes, como por exemplo: Nakai, Lyra e Marques (2008) e Kurebayashi et al (2012).

Com relação aos sintomas da Síndrome do Pânico, foram citados de forma generalizada e variada, mas Doria (2010) destacou como queixas comuns a homens e mulheres, cansaço excessivo, ansiedade, irritabilidade e tensão muscular, dentre os inúmeros sintomas que podem ser atribuídos ao estresse.

Também foi um consenso geral entre os autores pesquisados, a eficácia da acupuntura para o tratamento do estresse e também a necessidade de mais pesquisas sobre o uso da acupuntura para tratar o estresse, com maior numero de indivíduos, diminuição das variantes, como amostras e padronização dos materiais utilizados.

Segundo Auteroche e Navaih (1992) A medicina tradicional chinesa entende que a maioria dos distúrbios emocionais e psíquicos tem em sua base uma desarmonia entre as energias dos diversos órgãos do organismo, com especial destaque para as energias do coração e do rim (Auteroche & Navailh, 1992; Chonghuo, 1993; Ross, 2003). Isso fica claro quando se observa que, no entendimento chinês, distúrbios emocionais ou psíquicos são demonstrações de distúrbios do espírito (shen) do indivíduo, sendo que, em chinês, a palavra shen tanto significa espírito quanto rim, e que o coração (xin) é o lugar de moradia do espírito (shen). Nesse sentido, é possível fazer a leitura metafórica de que o espírito não consegue encontrar condições adequadas para habitar a sua morada, por isso fica conturbado, e essa perturbação se manifesta por sintomas como, por exemplo, aqueles típicos da ansiedade descritos pela Psicologia e pela medicina ocidentais.

Segundo Ross (2003), os distúrbios emocionais, como a Síndrome do pânico pode estar diretamente envolvido com o distúrbio do Baço, entendo como uma compulsão.

No caso da paciente em questão, a desarmonia foi observada por meio de entrevistas e de técnicas próprias da acupuntura, como a palpação do pulso e o exame da língua. Após a delimitação do diagnóstico, o tratamento visou a restabelecer o equilíbriodo espírito, tendo como base os protocolos de tratamento indicados por Auteroche e Navailh (1992), Ross (2003) e Chonghuo (1993). Por essa razão, a base do tratamento foi harmonizar o Pericárdio e fortalecer baço, para melhorar a absorção de qi (energia) e a circulação do qi (energia) e do xue (sangue) para assim fortalecer o rim e restabelecer o equilíbrio entre este e o coração.

É importante destacar que o tratamento realizado por meio da acupuntura não proporciona curas milagrosas ou o fim total das patologias dos pacientes, como destacam Campiglia (2004), Ross (2003) e Vectore (2005). O tratamento pela acupuntura ocorre de modo processual, sendo que o restabelecimento da saúde se dá de modo gradual e está diretamente relacionado a condições externas (ambientais, climáticas, sociais e históricas) e internas (alimentação, estados emocionais, espiritualidade), com as quais o sujeito se relaciona (Campiglia, 2004; Vectore, 2005). Um exemplo de que o tratamento é processual, e não final e definitivo, pode ser observado nas últimas sessões realizadas, na quais, apesar de a paciente não mais relatar sentir os sintomas que a trouxeram ao tratamento, ainda apresentava alterações nos pulsos.

CONCLUSÃO 

Conclui-se nesse presente estudo, que a técnica de Acupuntura auxilia no alívio dos sintomas no diagnóstico de Síndrome do Pânico, porém, deve-se continuar com as pesquisas, aumentando o número e frequência das sessões, afim de obtermos resultados mais positivos e duradouros.

Autora do artigo: Profa. Ma. Luciana Mendes Vinagre

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