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A Contribuição da Medicina Tradicional Chinesa para o Parto Humanizado no Ocidente

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Luiza Aiello
Thomas Gabriel Paranhos Bosshart

Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso. Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir Polloni – CETN

O parto sempre foi visto como um processo fisiológico acompanhado de muitos sentimentos, frutos de grande expectativa que mãe e bebê vivenciem o momento sem grandes dificuldades. Em meio à crescente insegurança ao redor do processo do nascimento, o modelo de atenção ao parto normal mais comum no Brasil é percebido como um processo patológico, seguido de uma sequ¨encia de procedimentos médicos de rotina. (NAGAHAMA; SANTIAGO, 2011)

O Ministério da Saúde passou a ver com preocupação o índice brasileiro de cesarianas, que ultrapassa os 15% considerados adequados. A maior incidência se dá na rede privada, que atualmente faz 80% dos partos por cesariana, contra 40% dos partos por cirurgia na rede pública. Cesarianas desnecessárias significam um risco maior de infecção, hemorragia e complicações anestésicas para a parturiente.

Para o bebê, aumentam os riscos de problemas respiratórios advindos da prematuridade, geralmente associados à retirada antecipada do concepto antes da maturidade pulmonar plena. (SILVANI, 2010)

A proposta de humanização do parto compreende o atendimento individualizado, centrado na mulher, no respeito à evolução fisiológica do parto e, portanto, na indicação criteriosa dos partos cesáreos. Esta maneira de acompanhar a chegada do bebê não estipula uma maneira única, portanto não exclui um procedimento cirúrgico, se necessário. Humanizar o parto é estar atento às condições e às necessidades do outro, uma vez que a base das atividades do profissional da saúde é a relação humana. (SILVANI, 2010; NAGAHAMA; SANTIAGO, 2011)

Dentro da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), existem alguns conceitos fundamentais que possibilitam a interpretação da fisiologia, patologia e tratamento de maneira integrativa. Tanto a teoria do Yin/Yang quanto dos Cinco Elementos (Cinco Movimentos) facilitam a atuação profissional no campo da humanização, uma vez que não atuam de maneira mecanicista. (MACIOCIA, 2007)

Especificamente na gestação e parto, partindo de um estudo aprofundado sobre as alterações fisiológicas e emocionais vivenciadas pela parturiente e seu contexto sócio-familiar, é possível uma atuação adequada e benéfica dentro das técnicas da MTC. (CAMPIGLIA, 2010; O RENASCIMENTO… 2013)

Existem hoje inúmeros trabalhos científicos que validam a atuação benéfica da acupuntura na gestação, parto e pós-parto, colaborando para o maior reconhecimento tanto dos profissionais da saúde quanto às pacientes. Muitos destes estudos têm como objetivo discutir quais técnicas são mais adequadas na diminuição dos desconfortos da mulher. O presente trabalho não tem como objetivo discutir técnicas mais viáveis, mas sim a forma de atuação do profissional. Tem como proposta principal salientar a importância de um profissional da MTC dentro de uma equipe multidisciplinar atuante no parto humanizado. O estudo também enfatiza a importância da atuação individualizada, preconizada tanto no parti humanizado como na MTC, e questiona a atuação intervencionista apontada pelas estatística da atualidade. (CHEN, 2014; AUTEROCHE, 1987)

Atualmente, de maneira geral, o universo do parto no ocidente, e principalmente no Brasil, se deriva de um ponto de vista bem específico: Como o parto pode ser controlado? Esta situação não tem uma origem específica, mas foi se construindo ao longo de eventos que compõe a história, principalmente médica, de como os fatores da gestação e do parto foram “evoluindo” na modernidade (ODENT, 2004).

A cesárea chega ao Brasil através do medico brasileiro José Corrêa Picanço, considerado o patrono da obstetrícia do país e amigo do rei D. João VI de Portugal. A segunda cesárea aconteceu só em 1881, no Rio de Janeiro, pelo médico Luiz da Cunha Feijó, no entanto, com o óbito da paciente como resultado. Nesse periodo foram realizados pouquíssimos destes procedimentos. De 1881 a 1904 houve apenas cinco cesarianas no Rio de Janeiro. (BRASIL, 2011; OMS, 1996; OLIVEIRA e RITTO, 2014)

O desenvolvimento do procedimento da cesariana como recurso para auxiliar em casos específicos de partos complicados sem dúvida é fundamental. O avanço das técnicas de reposição sanguínea, anestesia, antibióticos e medicamentos intravenosos reduziram muito as taxas de mortalidade relacionadas ao parto cesariana, que no fim da década de 1960 passou a ser apontado como uma das mais importantes conquistas da obstetrícia moderna. (BRASIL, 2011; OMS, 1996; OLIVEIRA e RITTO, 2014) Porém, a partir do início da década de 70, as cesarianas tornaram-se tão usuais que passaram a ser uma simples questão de opção da gestante, e o termo “parto agendado” foi tomando conta deste ambiente. (BRASIL, 2011; OMS, 1996; OLIVEIRA e RITTO, 2014)

Num estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) por Oliveira e Madeira (2002, p. 136), “a maneira como as parturientes descrevem seu parto mostra uma relação de distanciamento entre o profissional e elas. Não há interação no sentido do afeto, da aproximação, do cuidar verdadeiro. Nessa situação, o corpo é visto e manipulado como um objeto, que à semelhança de uma máquina recebe tratamento semelhante. Não importam os sentimentos expressados pela parturiente, naquele momento a eficiência e a resolutividade falam mais alto. A cliente fica à mercê do profissional de saúde, submetendo-se às normas e rotinas impostas pela instituição. O profissional não entende que este é um momento especial, singular para ela, e que gostaria de lembrar-se dele com carinho, alegria e satisfação de ter podido dar à luz.” Oliveira e Madeira (2002, p. 136) ainda dizem que: “por ser a dor um acontecimento natural e esperado no processo do parto, o profissional de saúde pede com insistência, controle e tranqu¨ilidade por parte da gestante, esquecendo-se com isso que cada indivíduo tem um certo limiar de tolerância para a dor, o que, por sua vez, pode ser potencializado por questões emocionais, psicológicas, culturais.”

A OMS considera que o Período normal da gestação vai até as 42 semanas. Cada mãe e cada bebê tem seu próprio tempo de gestação que devem ser respeitados para evitar problemas, como aponta a pesquisa de Oliveira e Ritto (2014) que diz: “Nascer antes do tempo traz riscos principalmente para o sistema respiratório. Os pulmões do bebê se formam quando ocorre o estouro da bolsa, que representa o “sinal verde” do corpo para o nascimento. Incapazes de respirar sozinhos, os recém-nascidos são afastados de suas mães e mantidos em UTIs neonatais. Por ano, cerca de 15 milhões de crianças no mundo são prematuras. Ou seja, mais de um a cada 10 bebês nasce antes da marca das 37 semanas – o que representa a principal causa da morte de recém-nascidos. A estimativa é de que um milhão de prematuros morram anualmente de complicações.” É diante destas situações que Gutman, (2013) diz: “quando as situações injustas são corriqueiras, perdemos a noção de respeito e liberdade.” (OLIVEIRA e RITTO, 2014; OMS, 1996; O RENASCIMENTO… 2013)

O ENTENDIMENTO DO MOMENTO DO PARTO SEGUNDO A MTC: Para uma abordagem adequada sobre a compreensão do parto através da visão da Medicina Tradicional Chinesa, é necessário incluir a gestante na discussão, uma vez que ambas as etapas são complementares.

A GESTANTE E A MTC: Através da filosofia Yin/Yang podemos compreender que, além de muitas características, yin corresponde ao feminino e yang ao masculino. Na gestação, a mulher se encontra em plenitude de atributos Yin: dar forma à forma, gerar e produzir matéria. (CAMPIGLIA, 2010)

Neste período de Yin máximo, o silêncio e a paciência são atributos necessários para manter o recolhimento adequado em meio a tantas transformações. Sendo uma fase de Yin máximo, o principal elemento envolvido é a Água, relacionado ao inverno onde o corpo armazena energia para em seguida dar início a um novo ciclo. É também este elemento que simboliza a força ancestral (Jing) e capacidade de adaptação (Zhi). (CAMPIGLIA, 2010; MACIOCIA, 2007)

A substância fundamental Jing, especificamente Jing pré-Celestial, é considerada aquela que dá origem à nova vida, nutrindo o embrião e o feto durante a gravidez. Alguns fatores influenciam diretamente a qualidade do Jing da gestante e devem ser ponto de atenção no tratamento. São eles:

• Idade: Quanto mais avançada a idade, mais comprometidos geneticamente os óvulos se tornam, podendo comprometer a herança genética do feto.

• Doenças: Doenças crônicas desgastam a energia vital de modo evidente, diminuindo a homeostase e desgastando o Jing.

• Cirurgias: As cirurgias afetam temporariamente a energia de defesa (Wei Qi) e a circulação do Qi, e em alguns casos de hemorragia ou perda de algum órgão o Qi pode ser predominantemente afetado.

• Partos anteriores: De uma gestação para a outra é necessário um tempo de recuperação do Jing da mãe. Em casos de partos complicados, mais tempo de restabelecimento energético é necessário.

• Amamentação: A amamentação também é um período de desgaste do Jing que, como tal, precisa de uma recuperação adequada.

• Ritmo professional: O excesso de atividades profissionais pode proporcionar irritabilidade e mal-estar generalizado, desgastando excessivamente o Yin.

• Atividade Física: Adequar as atividades físicas realizadas é ponto primordial na rotina da gestante.

• Atividade Sexual: Em excesso, o sexo pode diminuir ainda mais a energia de Rim e Qi da mulher.

• Alimentação: Alguns alimentos devem ser evitados durante a gestação, como os muito açucarados, gordurosos, picantes e de natureza muito quente. Devem ser priorizados alimentos de sabor levemente azedo ou ácido, que aumentem o Yin e o Xue, que favorecem o elemento Terra e os Rins.

• Emoções: As emoções excessivas, como a tristeza, a obsessão, a raiva e o medo são presenças significativas na diminuição do Qi da gestante.

• Traumas: Traumas como acidentes, fraturas e picadas de animais venenosos são

nocivos e afetam significativamente a qualidade do Jing do feto.

Uma vez que o feto não apresenta atividade fisiológica independente, ele se mantém dependente da nutrição derivada do Rim da mãe e de seu próprio Jing. (CAMPIGLIA, 2010; MACIOCIA, 2007)

É o elemento Água que proporciona as capacidades de adaptação e maleabilidade, altamente necessárias na gravidez. Portanto, para um tratamento adequado da gestante, deve-se trabalhar estimulando o elemento Água, tendo influência direta no útero, ovários, no feto e no Jing da mãe. O fortalecimento do Jing propicia que a mãe transmita ao feto as melhores condições para ele desenvolver seu próprio Jing. (CAMPIGLIA, 2010)

Através deste ponto de partida é possível compreender os demais desequilíbrios e desconfortos decorrentes da gravidez: enjôo, dor de cabeça, edemas, insônia, entre outros. Se o elemento Água estiver em deficiência, outros elementos podem estar afetados, causando um aumento das sensações de desconforto. (CAMPIGLIA, 2010)

O PARTO E A MTC

Conforme dito anteriormente, a mulher que viveu todas as etapas da gestação com orientação adequada, equilíbrio energético e consciência, tem maior probabilidade de viver um parto adequado. Se, através das medidas e posturas adequadas, houve a preservação do Jing e receptividade da energia Yin, a gestante vivencia o parto com o preparo físico e energético ideal. (CAMPIGLIA, 2010; MACIOCIA, 2007)

Enquanto os meses de formação do feto são reconhecidos como momentos predominantemente Yin, o parto pode ser lido como a etapa mais Yang da gestação, com evidente movimento e transformações do corpo para a expulsão. (CAMPIGLIA, 2010)

Apesar de ter características Yang evidentes, o momento do parto exige características Yin da mulher, como a recepção deste bebê que está chegando, introspecção para melhor escuta das contrações, reposicionamento do bebê e percepção dos próprios instintos. (CAMPIGLIA,2010)

Alguns meridianos da parturiente participam mais ativamente nos processos do parto, e podem ser prioridade no tratamento quando alguns sintomas específicos são apresentados. Os meridianos são: Fígado, Baço, Triplo Aquecedor e Rim. O Fígado é o órgão mais importante no armazenamento do sangue que, entre tantos aspectos, contribui para tantas alterações ginecológicas. Esta contribuição do Fígado influencia dois vasos extraordinários que estão intimamente relacionados ao útero: o Ren Mai e o Chong Mai. Padrões de deficiência ou estagnação do Qi do Fígado influenciam diretamente o equilíbrio do útero. (MACIOCIA, 2007)

É do Fígado também a função de assegurar livre fluxo de Qi que, em um âmbito físico, auxilia as atividades fisiológicas de todos os órgãos, e em um âmbito mental-emocional, assegura uma vida emocional equilibrada. Sendo assim, se o Qi do Fígado estiver em equilíbrio, haverá benefícios nos processos físicos e emocionais decorrentes do parto. (MACIOCIA, 2007). A influência do Fígado sobre os tendões afeta nossa capacidade para os movimentos físicos através da contração e do relaxamento, estes presentes no parto especificamente na dilatação do colo do útero para a passagem do bebê. Esta é também uma importante função do Fígado e está diretamente relacionada à capacidade de nutrição e umedecimento do sangue do Fígado. (MACIOCIA, 2007)

No trabalho de parto, outro fator determinante é o estado muscular da parturiente. O processo de dilatação do colo do útero acontece com a musculature lisa e no trabalho de parto é regida por hormônios. Já o períneo, composto por musculatura estriada, precisa de uma ação mecânica para alterar seu comprimento e se as suas fibras não tiverem elasticidade suficiente, se rompem durante o processo. (CUNNINGHAM, 2010)

Na Medicina Tradicional Chinesa, o Baço possui tanto as funções de abrigar o intelecto quanto de controlar os músculos e por isso participa ativamente dos processos de dilatação descritos acima. Na esfera dos pensamentos, o intelecto que reside no Baço, nomeado Zhi, é responsável por pensamentos aplicados como a concentração e o estudo. No momento do parto, a mulher tem uma diminuição significativa das áreas racionais do cérebro, para que os instintos possam aflorar com certa clareza. A parturiente nem sempre permite que este processo ocorra naturalmente, tentando controlar racionalmente cada etapa. Portanto para que o sistema hormonal da mulher e as alterações musculares do parto possam atuar em harmonia no parto, o Qi do Baço deve estar em equilíbrio. (MACIOCIA, 2007; CAMPIGLIA, 2010)

Na contribuição para a melhor passagem do bebê no parto também está o meridiano Triplo Aquecedor, com sua função de controle da passagem das águas e excreção de fluidos. Os termos chineses relacionados à influência do Triplo Aquecedor nos fluidos corporais são Shu, que significa “fluxo livre”, e Tong, que significa “fazer as coisas passarem através”. Portanto, este meridiano assegura que os fluidos corpóreos sejam transformados, transportados e excretados adequadamente. (MACIOCIA, 2007)

A importância do elemento Água na gestação carrega equivalente papel de destaque no momento do parto. A função do Rim de armazenar a Essência (Jing) atua controlando os vários estágios de mudança na vida: nascimento, puberdade, menopausa e morte. Como dito anteriormente, quanto maior a qualidade do Jing da mãe, menor a possibilidade de os demais elementos apresentarem um quadro considerável de deficiência e/ou estagnação. (MACIOCIA, 2007; CAMPIGLIA, 2010)

INTERPRETAÇÕES DA MTC PARA A HARMONIA DO PARTO: Diante do que foi descrito acima, de qual maneira um profissional especialista em MTC deve atuar a fim de buscar a maneira ideal para contribuir na harmonia do parto? A primeira e mais importante conduta é não interferir no processo natural da fisiologia da mulher enquanto esta está sob seu próprio equilíbrio. Ou seja, as intervenções pela MTC só deverão acontecer se as mudanças naturais do organismo feminino – entende-se fisiológicas, emocionais e ou psicológicas – no momento da gestação e do parto estiverem com algum desequilíbrio energético para desempenhar suas funções. (AUTEROCHE, 1987)

A partir de um estudo aprofundado sobre os meridianos mais presentes nas alterações fisiológicas e emocionais do parto, é possível uma atuação adequada dentro das técnicas de intervenção da MTC. (CAMPIGLIA, 2010) Para a MTC, protocolos de atuação podem impedir o profissional de chegar à interpretação adequada a cada indivíduo atendido. Existe uma série de pontos e técnicas específicas que contribuem no parto. Mas como cada indivíduo possui um funcionamento energético próprio, para o melhor resultado de intervenção deve-se ter o correto diagnóstico, para assim adequar a conduta a cada caso. (CAMPIGLIA, 2010)

No acompanhamento à parturiente, a primeira conduta do profissional deve ser colher as informações a respeito do Jing da mãe. A partir destes dados pode-se estimar a capacidade de adaptabilidade física e psíquica da mulher no trabalho de parto e atuar preventivamente, se necessário. (MACIOCIA, 2007; CAMPIGLIA, 2010)

As intervenções devem ser um suporte somente quando a capacidade energética da parturiente se mostrar insuficiente para vivenciar as transformações necessárias na passagem do bebê. Colhidas as informações sobre o Jing, a próxima etapa de atenção é sobre a forma na qual a parturiente percebeu os primeiros sinais de trabalho de parto. Se há neste momento um desequilíbrio mental/emocional considerável, a primeira intervenção será no sentido de harmonizar o Shen da parturiente. (CAMPIGLIA, 2010; MACIOCIA, 2007)

Com o Shen em harmonia, as próximas etapas exigem certo grau de sensibilidade do profissional para que as intervenções ocorram no momento exato.

Uma cadeia de eventos existe antes de cada etapa se instalar, e é este tempo de

observação que exige maior atenção. (CAMPIGLIA, 2010) Antes de ser determinada a impossibilidade de dilatação da parturiente, os meridianos do Fígado e Baço podem ser estimulados a fim de contribuir fisiologicamente com este processo. Se esta dilatação sofre dificuldades mais por caráter de sensação de fraqueza ou insegurança e medo da parturiente, o meridian de Rim deve ser tonificado. (CAMPIGLIA, 2010; MACIOCIA, 2007)

A forma como a parturiente percebe a dor é determinante em todo o trabalho de parto. Se o profissional percebe que as dores estão sendo vivenciadas além dos limites da parturiente, prejudicando também seu estado emocional, as intervenções podem contribuir para a diminuição das dores. O Fígado é um meridiano atuante neste processo, porém o Triplo Aquecedor pode ser harmonizado em casos de estagnação de Qi e Xue do aquecedor inferior. (CAMPIGLIA, 2010; MACIOCIA, 2007). No âmbito mental, a mulher pode passar por grande necessidade de controle racional de cada processo, se mostrando insegura sobre suas próprias capacidades de parir. Isto prejudica o livre fluxo de Qi, principalmente o meridiano do Baço, que deve ser harmonizado, deixando fluir os instintos necessários para o equilíbrio em cada etapa do trabalho de parto. (CAMPIGLIA, 2010)

Portanto, das formas de intervenções que contribuem no trabalho de parto, os meridianos de Rim, Baço, Fígado e Triplo Aquecedor ganham grande destaque por contribuírem em suas funções na harmonização dos sintomas presentes neste processo. Acompanhando-os, uma série de pontos e fitoterápicos específicos são reconhecidamente benéficos para o equilíbrio físico e emocional da parturiente. E, independente destas orientações específicas, meridianos não citados devem ser levados em consideração através das informações colhidas na anamnese, onde pré-disposições constitucionais da mulher podem ser determinantes para um trabalho de parto saudável. (CAMPIGLIA, 2010; MACIOCIA, 2007)

Nos últimos dez anos, mais de 80 pesquisas de MTC para o parto validam a atuação benéfica da acupuntura neste período. Os estudos foram realizados, principalmente, pelas instituições: Institute of Acupuncture and Moxibustion of China, Academy of Chinese Medical Sciences, Clinical and Cognitive Sciences Research Group, Faculty of Medical and Human Sciences, Institute of Brain, Behaviour and Mental Health, Salford Royal Hospital, University of Manchester and Third Department of Neurology, Dongzhimen Hospital, Beijing University of Chinese Medicine. Com alta diversidade nos objetivos, resultados encorajadores foram colhidos. Estas pesquisas encorajam e complementam a reflexão deste trabalho. (CHEN et al., 2014)

CONCLUSÃO

No desenvolvimento do presente estudo, pôde-se chegar às seguintes conclusões:

1. A interpretação e atuação pela Medicina Tradicional Chinesa contribuem de forma complementar e integral no processo de humanização do parto.

2. Do ponto de vista tanto da MTC quanto do Parto Humanizado não se deve utilizar protocolos pré-estabelecidos, pois a dinâmica e o histórico de cada gestante são únicos.

3. Intervenções desnecessárias no momento do parto diminuem o empoderamento da mulher, assim como sua capacidade de auto percepção.

4. É fundamental a integração da equipe multidisciplinar em saúde, através da troca de saberes, para a assistência integral da gestante.

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